Resumo
O corpo é o elemento chave nos transtornos alimentares, pois geralmente há um distúrbio na habilidade de reconhecer adequadamente seu peso, tamanho e a forma do corpo, levando a uma insatisfação com o próprio corpo. Este estudo teve como objetivos verificar o perfil da percepção corporal e a insatisfação corporal em mulheres com transtorno alimentar e a partir destes dados elaborar um protocolo de intervenção na percepção corporal. Participaram da pesquisa 76 mulheres com transtorno alimentar divididos em anorexia nervosa (n=49) e bulimia nervosa (n=27). Para a avaliação do perfil corporal foi utilizado o teste Image Marking Procedure (IMP) e a avaliação do nível de insatisfação corporal, por meio do Teste de Silhuetas de Gardner. A análise estatística do perfil mostrou que as pacientes com transtorno alimentar se perceberam maior do que realmente é (hiperesquematia) sendo a cintura a região do corpo com percepção mais distorcida. Além disto, as pacientes com bulimia nervosa tendem a se perceber maiores do que as com anorexia nervosa. O grupo também mostrou ser insatisfeito com o seu corpo, sendo que as bulímicas tendem a ser mais insatisfeitas. Um dado importante observado neste estudo foi que a distorção da percepção da dimensão corporal não está relacionada com a insatisfação com o corpo. Foi sugerido um protocolo para a intervenção na percepção do corpo por meio de atividades corporais específicas tanto para o espaço pessoal quanto o peripessoal que estão intimamente relacionados com a construção do esquema corporal. Este estudo constatou que os componentes atitudinal e dimensional que constroem a percepção do corpo são mecanismos distintos e, portanto, necessitam de tratamento específico.