Perfil, Relacionamento com o Clube, Consumo e Satisfação em Um Jogo de Futebol: Um Olhar Para as Espectadoras de Um Clássico Regional Fortaleza X Ceará
Por Sara Maria Barreto Dias (Autor), Raquel Ferreira Silva (Autor), Kléber Augusto Ribeiro (Autor).
Em Revista de Gestão e Negócios do Esporte - RGNE v. 6, n 1, 2021.
Resumo
O futebol no Brasil se popularizou muito mais entre os homens do que entre as mulheres, fato que pode ter limitado o consumo de produtos e serviços do futebol pelo segmento feminino e consequentemente limitado as ações de marketing e oferta de produtos para esse público. Na dimensão literária, uma lacuna parece existir quando tratamos da segmentação dos consumidores e, em especial, das demandas e do comportamento consumo feminino no futebol. Assim, o presente estudo teve como propósito levantar o perfil, o relacionamento estabelecido com o clube, o consumo e a satisfação das espectadoras mulheres de um jogo de futebol clássico regional, entre as equipes do Ceará Sporting Club e Fortaleza Esporte Clube, dois dos principais clubes de futebol profissional do estado do Ceará. Para análise de dados, a metodologia foi pautada em uma abordagem quantitativa de método em levantamento survey, com análise por estatística descritiva. Os sujeitos da pesquisa foram as espectadoras e torcedoras do jogo realizado em outubro de 2019 (mulheres – N=29) e a amostra foi não probabilística e por conveniência. O instrumento da pesquisa foi um questionário elaborado e testado previamente, constituído por questões fechadas, com dados qualitativos nominais e ordinais, divididas em quatro blocos: perfil socioeconômico; relacionamento com o clube; consumo dos jogos; e satisfação das espectadoras. Desvelamos por meio do estudo que a maioria das espectadoras é torcedora do time desde que nasceu, devido à influência dos pais, prefere assistir ao jogo no estádio, alimenta a rivalidade com o time rival e torce contra, no entanto, não participa de nenhuma torcida organizada. Em relação ao comportamento de consumo, um percentual predominante das espectadoras trata a ida ao estádio como uma forma de lazer e entretenimento, e afirma ir ao estádio entre 5 a 10 jogos por ano, com veículo próprio e acompanhadas do seu cônjuge. A violência dentro e fora do estádio foi colocada como o principal motivo para o não comparecimento. Por fim, a pesquisa demonstrou que as espectadoras pagam mais pelos melhores lugares, gastam mais de R$ 31,00 reais na ida ao jogo e consomem mais dentro do estádio. Por outro lado, é evidente a insatisfação do público feminino com relação à segurança interna, ao comportamento desrespeitoso dos torcedores, fato que comprometeu a coleta de dados, a qualidade e preço dos produtos e serviços de alimentação dentro do estádio. Apesar das limitações o presente estudo pretendeu preencher uma lacuna existente em estudos relacionados ao gênero feminino no consumo do esporte no estado do Ceará e, especificamente com relação ao perfil, relacionamento e comportamento de consumo em um jogo futebol