Resumo

O judô apresenta alto nível competitivo, logo, organizar o processo treinamento pode apresentar relação positiva para com o resultado competitivo, sendo necessário encontrar um "modelo de periodização" que corresponda a fase em que os judocas se encontram em relação ao treinamento a longo prazo, no caso deste estudo atletas jovens, menores de 21 anos. Neste sentido, este trabalho apresenta um estudo, enquanto relato de experiência do técnico envolvido na aplicação de um modelo de treinamento baseado na periodização tática. Originalmente adotado em modalidades coletivas o modelo foi adaptado ao judô na preparação de dois atletas masculinos e dois femininos, que objetivavam a seletiva nacional para a formação da equipe de base do Brasil. Para esta organização, o treinamento pautou-se em uma divisão da luta em unidades funcionais, ou seja, segmentou-se a luta em aproximação, contato, pegada, criação de oportunidade, desequilíbrio, aplicação, projeção, transição e luta de solo, sendo que estas unidades foram trabalhadas com os atletas em consonância com capacidade física correspondente, como por exemplo a pegada, criação de oportunidade e desequilíbrio com a força, o contato e as transições com a velocidade. Partindo desta divisão os treinamentos técnicos e táticos foram organizados por uma abordagem situacional (Greco e Benda, 2007). Para cada unidade funcional ou combinação de unidades, situações padrões das lutas foram extraídas e trabalhadas com ênfase na tomada de decisão (tática individual) dos atletas, rompendo com o modelo tradicional de treinamento do judô que propõem um treinamento técnico baseado na repetição de gestos descontextualizados dos golpes e posteriormente a tentativa da aplicação dos golpes em situação de luta. Optou-se por esta abordagem devido ao alto grau de complexidade apresentada em uma luta do judô, na qual o atleta interage diretamente com o adversário, uma vez que o controle do espaço entre os mesmos é condição determinante para se obter sucesso, logo, um atleta que se adapte mais rápido ao adversário tem maiores probabilidades de conquistar pontuações, dentre estas adaptações está a capacidade de executar técnicas para diferentes direções na luta em pé e a capacidade de obter pontuações na luta de solo e por meio de penalizações do adversário. Para organização do treinamento das capacidades físicas utilizou-se da proposta de blocos adaptado. Dentre os principais resultados encontrados, aponta-se o sucesso competitivo, uma vez que três atletas conquistaram vaga na seleção brasileira, o grupo obteve 21 vitórias em 27 lutas, pontuou para nove direções em 10 possíveis na luta em pé e encontrou outras 5 formas de pontuar, os atletas classificados pontuaram no mínimo em 5 diferentes formas. Estes dados sugerem que este modelo de organização possibilita o desenvolvimento da variabilidade técnico e tático dos atletas de maneira que os possa direcionar ao alto rendimento, porém considera-se necessárias outras investigações.

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