Resumo

Gestos perseverativos são respostas inapropriadas para uma demanda da tarefa e eles são comuns em algumas idades. Diariamente, adultos repetem inconscientemente muitos gestos simples que são automáticos nas suas rotinas. Quando o ambiente é alterado, a sinergia do movimento não é necessariamente ajustada. Isto tem sido associado à disfunção neurológica. Por outro lado, perseveração motora tem sido recentemente usada para interpretar a canônica tarefa Piagetiana A-não-B. Na tarefa Anão-B, bebês são “incentivados” a alcançar e pegar um de dois objetos (localização chamada “A”) algumas vezes, com poucos segundos de demora entre dar a dica (chacoalhar o objeto e motivar a criança a pegá-lo) e dar o estímulo para a criança. Depois de um número de tentativas em “A”, o experimentador dá a dica no alvo B. Tipicamente, por volta dos 10 meses de idade, bebês com desenvolvimento normal, mesmo olhando esse jogo de esconder e procurar, voltam a alcançar na tampa A depois do experimentador ter dado a dica na tampa B. A proposta deste estudo foi determinar se crianças com e sem retardo mental perseveram ou não na tarefa modificada Piagetiana de alcançe A-não-B, também, identificar o relacionamento entre o olhar e o alcançar durante sua performance, bem como o padrão do alcançar. Nós utilizamos a tarefa modificada da caixa de areia em que um objeto é escondido em uma localização A ou B. Vinte bebês com desenvolvimento normal (GC) (média de idade de 27,3 ± 3.82 meses) e vinte crianças com atraso no desenvolvimento (GD) (média de idade de 55,62 ± 9.24 meses) foram autorizados por seus pais para participarem do vii estudo. Enquanto realizaram a tarefa A-não-B na caixa de areia, todos os participantes foram filmados por 3 cameras. Os resultados revelaram que o GD perseverou mais do que o GC ao longo de todas as tentativas. O GD não acoplou o olhar ao gesto de alcançar, enquanto que o GC manteve o olhar e alcançar acoplados. Dados espaçotemporais revelaram que a velocidade foi progressivamente maior ao longo das sucessivas tentativas (tentativas em A para tentativas em B) para o GD e o mesmo para o GC. A acurácia foi similar para ambos os grupos. Entretanto, a variabilidade na acurácia foi maior para o GC porque este grupo explorou mais a caixa de areia. Nós concluímos que a perseveração é forte nas crianças com atrasos no desenvolvimento. O acoplamento olhar-alcançar pode ser um sinal de atenção na demanda da tarefa, mas, sozinho ele não garante o sucesso na tarefa. Alguns parâmetros do movimento são invariantes e relacionados à perseveração (i.e, distância do alcançar, precisão). A tarefa de esconder objetos mesmo quando o objeto é detectado corretamente pode se tornar uma tarefa desafiadora. Então, variabilidade em alguns parâmetros do movimento pode ser um sinal de incerteza sobre a localização do alvo, bem como, resultar de quebra do comportamento perseverativo.

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