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Em geral, parece não haver dúvidas, tanto no ambiente acadêmico como no senso comum, que o esporte e, por extensão, a prática das mais variadas atividades físicas, contribuem para o desenvolvimento humano.

Os esportes e as atividades físicas, aqui consideradas como manifestação cultural e fenômeno urbano-industrial historicamente construído, quando devidamente orientados, trazem benefícios aos seus participantes ao longo da vida.

São inúmeras as dimensões pelas quais podemos analisar o impacto dessas experiências na vida humana.

Em primeiro lugar, as experiências físico-esportivas são consideradas como necessidade humana básica, constituindo-se num direito fundamental de todos e responsabilidade da sociedade em prove-las, seja através das políticas públicas setoriais, seja através das inúmeras ofertas, tanto da iniciativa privada como pelas organizações não governamentais.

Pesquisas demonstram claramente que, independentemente da faixa etária, sexo ou mesmo distintas condições sócio-econômicas e culturais, as experiências físico-esportivas contribuem para o desenvolvimento físico, mental e social de seus praticantes.

Cada vez mais, novas possibilidades de oferta se abrem, como exemplo, os esportes da natureza, os chamados esportes radicais e até mesmo, com os avanços das tecnologias computacionais, novas alternativas de prática e fruição, como é o caso dos e-sports. Nessa mesma linha, avança também o número de praticantes dos esportes adaptados.

Nesse amplo universo, o recorte escolhido como tema geral deste congresso enseja reflexões a ações que sucitam algumas questões:

Se a base democrática do processo educativo ainda se encontra na escola, qual tem sido o protagonismo da Educação Física Escolar na disseminação dos ensinamentos das experiências físico-esportivas?
Qual é o status da educação esportiva dentro do ambiente escolar?
Fora da escola, no ambiente comunitário, como as experiências físico-esportivas vem sendo desenvolvidas?
Como as políticas públicas, nos distintos estratos, do local ao regional, incluindo o nacional, impulsionam a educação no esporte?
Quando se trata da educação através do esporte, como os procedimentos lúdicos, que são a sua essência, tem mediado o ensinamento das demais disciplinas escolares?
Qual é a importância que as experiências físico-esportivas tem na visão interdisciplinar dentro do processo educativo como um todo?
Quais são os valores que tem permeado as experiências físico-esportivas, tanto na escolar como na comunidade e incluindo o alto rendimento, prevalece a competição exacerbada ou o compromisso de cooperação?
Os profissionais de Educação Física estão preparados para enfrentar, os novos desafios da “alfabetização motora”? Como a diversidade é tratada?
Considerando que as experiências físico-esportivas tem para a vida, há uma preocupação na formulação e aplicação das políticas públicas que enfatizem a importância do bem-estar a longo prazo, transformando a adesão ao estilo de uma vida saudável (momentânea) em aderência (permanente) ?
Como está se dando a mediação da “alfabetização motora” com a saúde mental e o consequente o bem-estar como base do desenvolvimento pessoal e da responsabilidade social?

Certamente, frente a um tema tão amplo e complexo, com desafios diversos, temos muito mais perguntas do que respostas, o que nos estimula muito a realizer este congresso, considerando a missão, visão e valores preconizados pelo Panathlon International.

Antonio Carlos Bramante

Junho/2018.

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