Resumo

No contexto esportivo de alto rendimento é importante compreender o esporte em sua pluralidade como fenômeno sociocultural, pois surge a preocupação com outros aspectos além dos puramente técnicos e táticos da modalidade como a personalidade e as formas de liderança existentes dentro do ambiente esportivo. Assim, o objetivo do estudo foi de investigar a relação entre a personalidade e o estilo de liderança de técnicos de voleibol masculino em equipes participantes da Superliga 2007/2008. Fizeram parte do estudo 14 técnicos e 176 atletas. Os instrumentos utilizados foram: Inventário Fatorial da Personalidade (PASQUALI; AZEVEDO; GUESTHI, 1997) e Escala de Liderança no Desporto (CHELLADURAI, 1980). Para análise dos dados utilizaram-se os testes: Shapiro-Wilk, média e desvio padrão, teste T de Student e correlação de Pearson, adotando p<0,05. Os técnicos apresentaram fatores de personalidade com altos escores para as necessidades de: deferência, afiliação, desempenho e persistência, enquanto as necessidades de exibição e agressão foram as que apresentaram baixos escores. Quanto ao estilo de liderança, tanto na auto percepção dos técnicos como na percepção e preferência dos atletas, verificaram-se nos comportamentos de treino-instrução e reforço os valores médios mais elevados e no comportamento autocrático os valores médios mais baixos. Na comparação entre as versões, encontrou-se diferenças estatisticamente significativas entre autopercepção dos técnicos e a percepção dos atletas no treino instrução, assim como no reforço (p=0,00); auto-percepção do técnico e a preferência dos atletas no reforço (p=0,02); percepção e preferência dos atletas no treino-instrução, suporte social e reforço (p=0,00) e no democrático (p=0,01). A correlação positiva foi constatada entre as necessidades de intracepção e afiliação e o comportamento de suporte social (0,61), na necessidade de ordem e o comportamento de reforço (0,56) e na necessidade de autonomia e o comportamento autocrático (0,61). A correlação negativa foi verificada entre as necessidades de denegação e o comportamento de treino instrução (-0,56), a necessidade de exibição e o comportamento de suporte social (-0,52), a necessidade de heterossexualidade e o comportamento democrático (-0,59) e a necessidade de intracepção e o comportamento autocrático (-0,58). O fator de personalidade dos técnicos do G1 apresentou altos escores nas necessidades de assistência, deferência, afiliação, dominância, desempenho, persistência e mudança e baixos escores nas necessidades de afago, denegação, exibição e agressão. Já os técnicos do G2 apresentaram altos escores nas necessidades de deferência, afiliação e persistência e baixos escores nas necessidades de exibição e agressão. Quanto ao estilo de liderança dos técnicos dos dois grupos, na autopercepção dos técnicos, os comportamentos de treino-instrução e reforço apresentaram maiores valores médios e por último o comportamento autocrático. Na percepção dos atletas os comportamentos ressaltados foram treino-instrução, reforço, e por último o autocrático. As preferências dos atletas revelaram os valores médios mais altos nos comportamentos de treino-instrução, reforço e menor no comportamento autocrático. Ao comparar a autopercepção dos técnicos e a percepção dos atletas do G1 não se constatou diferenças estatisticamente significativas em nenhum dos comportamentos, mas na comparação da autopercepção dos técnicos e a preferência dos atletas do G1 verificou-se no democrático (p=0,04). Quando se compara a autopercepção dos técnicos e a percepção dos atletas do G2 verificou-se no comportamento de reforço diferença estatisticamente significativa (p=0,02). Entre a percepção e preferência dos atletas do G1, encontrou-se diferença estatisticamente significativa no treino instrução (p=0,03) e no G2, observam-se nos treino-instrução, suporte social, reforço e democrático (0,00). Com relação à autopercepção dos técnicos do G1 e do G2 não houve diferença significativa em nenhum dos comportamentos. Ao comparar a percepção dos atletas do G1 e do G2 verificou-se diferenças estatisticamente significativas em todos os comportamentos dos técnicos: treino-instrução (0,01), suporte social (0,02), reforço, democrático e autocrático (0,00). Quando é comparada a preferência dos atletas do G1 e do G2, não foi encontrada nenhuma diferença estatisticamente significativa em nenhum comportamento. Entre o fator de personalidade e o estilo de liderança dos técnicos do G1, foi encontrada correlação positiva entre a necessidade de intracepção e o comportamento de suporte social (0,99) e correlação negativa entre a intracepção e o autocrático (-0,96). Os técnicos do G2 evidenciam as correlações positivas entre a necessidade de afiliação (0,65) e o comportamento de suporte social e a autonomia e autocrático (0,66). As correlações negativas ocorreram entre a necessidade de denegação e o comportamento democrático (-0,66), exibição (-0,64) e agressão (-0,71) e reforço. Concluiu-se que os técnicos da superliga possuem fatores de personalidade e estilo de liderança voltado para um melhor desempenho de suas equipes. Técnicos e atletas apresentam ambição e empenho para realizar feitos difíceis de serem alcançados, mantendo altos padrões de realização e terminam todo trabalho iniciado dedicando-se à execução do mesmo sem medir esforços. Esses aspectos são ainda mais acentuados nos técnicos e atletas semifinalistas da competição.

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