Peso Corporal e Estado Hídrico de Triatletas no Ironman Brasil: Um Fator de Correção
Por Roberto Lemos (Autor), Francisco Rosa Neto (Autor), Lourenço Sampaio de Mara (Autor), Alexandra Amin Lineburger (Autor), Tales de Carvalho (Autor), Renata Ramos (Autor).
Em Revista Brasileira de Medicina do Esporte v. 21, n 4, 2015. Da página 284 a 287
Resumo
Introdução: O triatloIronman é uma prova de longa duração em que comumente se observam alterações hidroeletrolíticas. A desidratação e hiponatremia são prevalentes e o diagnóstico diferencial entre elas deve levar em conta a variação de peso corporal do atleta. Contudo, deve-se considerar também que as variações são um somatório de fontes hídricas e não hídricas, sendo necessário aplicar um fator de correção para avaliação do real estado hídrico do atleta. Objetivo: Avaliar o estado hídrico do atleta baseado nas variações de peso corporal sem e com aplicação de fator de correção. Método: Vinte e seis atletas foram pesados em três momentos distintos (dois dias antes da prova, imediatamente antes e após a realização). O estado hídrico foi classificado com base no cálculo da variação percentual de peso corporal isolado e com aplicação do fator de correção de 1 kg proporcional ao atleta de 70 kg. Além disso, foram registrados os principais sinais clínicos e sintomas referidos. Resultados: Nas 48 horas que antecederam a largada houve um ganho médio de peso de 1,2 kg. Após a prova, vinte e três (88,4%) atletas foram classificados como desidratados inicialmente, porém após a aplicação do fator de correção à variação do peso, esse número caiu para 12 (46,1%). Dos classificados como desidratação severa houve redução de 7 (26,2%) para nenhum atleta. Dez atletas (3,8%) apresentaram sinais e sintomas de desidratação. Conclusão: A classificação do estado de hidratação baseado nas perdas hídricas durante a prova foi significativamente modificado pela aplicação do fator de correção, sendo sua utilização justificada pelas evidências de que o ganho de peso nas 48 horas anteriores à prova está possivelmente relacionado ao acúmulo muscular de glicogênio e água (fontes não hídricas intravasculares).