Resumo
A tecnologia de Planejamento, Registro e Análise da Carga de Treinamento (PRACTE) apresenta-se como uma opção para otimização do treinamento, com objetivo de melhora da performance do atleta. Para a sua aplicação é necessário um catálogo específico da modalidade. O voleibol brasileiro atingiu elevado nível de performance, porém pouco se sabe da atuação de seus técnicos no controle das cargas de treino e do uso de ferramentas neste propósito. Esta pesquisa contou com dois estudos. O objetivo do estudo 1 foi verificar se os técnicos de voleibol de base no Brasil executam planejamento, registro e controle da carga de treino. A amostra foi composta de 34 técnicos que participaram no Campeonato Brasileiro Interclubes. Foram entrevistados sobre suas práticas utilizando um protocolo de entrevista estruturada. Os resultados apontaram que 33 técnicos planejam seus treinamentos, 25 com planos semanais e 8 com planos diários. O registro diário é feito por 16 técnicos, 4 o fazem na semana e 15 não registram. Segundo 30 técnicos, o controle da carga é executado. Verificado as combinações de respostas conclui-se que os técnicos planejam seus treinos, porém o registro e o controle da carga é pouco realizado e de forma inadequada. O estudo 2 teve como objetivo desenvolver um catálogo para o voleibol e aplicá-lo no registro e análise de treinos. Na construção do catálogo participaram 18 experts em voleibol (finalistas em mundiais ou olimpíadas) e 12 juízes (7 Juízes experts e 5 juízes técnicos de voleibol). Os experts em voleibol foram entrevistados utilizando um protocolo semiestruturado para elencar os exercícios do catálogo. Os juízes avaliaram e classificaram estes exercícios quanto: a clareza de linguagem, sua pertinência prática, sua relevância teórica, as especificidades do meio, suas finalidades, métodos e intensidades. Os exercícios foram associados aos itens avaliados formando os meios de treinamento do catálogo de voleibol, sendo: 44 meios de treinamento gerais, 20 meios direcionados e 97 meios específicos. Para a aplicação do catálogo foram acompanhados os treinos de 6 equipes de voleibol: duas de base (até 16 anos), duas juvenis (até 21 anos) e duas adultas, no feminino e masculino. Comparações entre as equipes foram feitas para os parâmetros da carga, magnitude, estrutura e dinâmica, considerando um período de 7 semanas de treinos. As magnitudes totais foram de 105 e 119h no adulto, 88 e 96h no juvenil, 81 e 84h na base para o feminino e masculino, respectivamente. As equipes de base utilizam uma estrutura de treino com poucos blocos (2 a 5 blocos) com meios de grandes magnitudes (17 a 50 min) e uma dinâmica de pouca dispersão. As equipes adultas utilizam uma estrutura de treino com mais blocos (5 a 11 blocos), com meios de menores magnitudes (6 a 31 min) e uma dinâmica de grande dispersão. A equipe juvenil feminina teve comportamento semelhante às equipes de base e a masculina com as adultas. O Catálogo de Grupo de Meios de Treinamento-Voleibol (CGMT-Voleibol) construído quando aplicado se mostrou um instrumento que possibilita o registro, viabilizando a análise dos parâmetros da carga.