Resumo

Esta pesquisa privilegia o estudo da manifestação popular, o fenômeno do Ciclo do Bumba-meu-Boi em todas as suas fases, valendo-se da fenomenologia da imaginação material em Gaston Bachelard e da filosofia da imagem em Gilbert Durand, dentro de um quadro de educação de sensibilidade. Por meio de uma etnografia descritiva, calcada em novos paradigmas antropológicos - de elementos imagéticos e subjetivos - com dados coletados nos Estados do Maranhão (pesquisa de campo) e de São Paulo (Grupo Cupuaçu, Morro do Querosene) em dez anos de observação participante, tendo a mitohermenêutica como percurso. O trabalho de análise procura evidenciar a trama mítica no caminho do imaginário, revelando o fenômeno popular em seu caráter dinâmico e atemporal. Os depoimentos dos colaboradores e agentes das culturas populares destacam os discursos simbólicos e em conjunção com a descrição poético-imagética, conduzem para a percepção da vivência dos rituais e suas práticas, localizando os elementos do rito e suas relações com os mitos no contexto da antropologia do imaginário. A educação de sensibilidade, prática medial, antropológica e simbólica, incide nas relações interpessoais e generacionais, no encaminhamento, atualização e dinamização dos mitos de maneira autônoma e ancestral, atuando sobre elementos já dados de uma tradição centenária. Efetivamente dentro do ciclo desdobram-se dois caminhos educacionais: por linha hereditária e por iniciação, ressaltando a organização que estas práticas simbólicas possuem, em uma espiral contínua que surge no Maranhão e estende-se para a cidade através da atualização autônoma realizada pelo ciclo, com fortes ressonâncias simbólicas e manutenção de características ancestrais em sua re-interpretação pelos brincantes.

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