Integra

Como dizem as pessoas que tem podcast, “bom dia, boa tarde, boa noite”.

Meu podcast de hoje vai tratar de um movimento que é celebrado há 27 anos no Brasil, em toda última quarta-feira do mês de maio, denominado “Dia do Desafio”.

Na semana passada, tive a satisfação de tratar deste tema, participando em uma live muito especial, a convite do Sesc/São Paulo. Através da união de cinco de suas Unidades localizadas em Birigui, Catanduva, Rio Preto, Ribeirão Preto e Presidente Prudente, fizemos um “bate-papo” sobre “O Dia do Desafio”, explorando a possibilidade desse evento constituir-se em um robusto indutor de políticas públicas de lazer nas cidades.

Lembro-me muito bem, no início de 1995, quando então eu era o secretário de Educação e Cultura de Sorocaba, ter recebido o convite do Professor Lamartine Pereira da Costa, um dos mais respeitados profissionais da Educação Física, desde antes daquela época e ainda até hoje, para fazer parte de um grupo de cinco cidades para implantar no Brasil o Dia do Desafio: Bauru, Bertioga, Ribeirão Preto, Santos e São José do Rio Preto, representadas pelos respectivos gerentes das unidades de Sesc dessas localidades, para receber um treinamento específico de três dias sobre o evento em Frankfurt, na Alemanha. Devido ao protagonismo de Sorocaba no programa federal da época denominado “Esporte para Todos”, foi convidado como representante de nossa cidade para participar nesse movimento.

Foi no inverno gelado de 1983, em Saskatoon, Canadá que o prefeito daquela cidade sugeriu que todos caminhassem para se aquecerem, enquanto se mexiam. Ano seguinte, uma cidade ao lado foi convidada para caminharem juntas e assim foi criado o “Dia do Desafio”. Em 1990 a Associação Internacional de Esporte para Todos, assumiu a gestão do evento e a partir de 1995, o Sesc/São Paulo passou a coordenar essas atividades no Brasil, posteriormente na América Latina para, em seguida, por todo continente americano.

A participação de Sorocaba nessa primeira edição foi sui-generis.

Na época, duas cidades de países diferentes, do mesmo porte, eram sorteadas para competirem (entre aspas), para verificar qual delas colocava o maior número de habitantes fazendo pelo menos 15 minutos de atividade física. Fomos sorteados para essa disputa com (e não “contra”) Manado, uma cidade da Indonésia.

Naquela ocasião Sorocaba contava com 379 mil habitantes e conseguimos colocar em movimento 286.783, ou seja 75,76% da população!

Houve uma mobilização extraordinária em toda cidade, com todos os órgãos municipais participando ativamente em todo processo, como as escolas, centros esportivos, então centros de saúde, parques municipais, próprios culturais, entre outros. Fora da prefeitura contamos com as escolas estaduais e particulares, escolas de ensino superior, academias, clubes, sindicatos, indústria, comércio, rede bancária, clubes de serviço, Tiro de Guerra, com amplo apoio da mídia local.

Montamos um “QG” no Sorocaba Clube, que fica na praça central da cidade, para contabilizar todas as ligações telefônicas, que na época, era o meio mais rápido de comunicação, com a atualização da “marcha dos resultados” estampada em um grande placar eletrônico, próximo a um palco lá montado, contabilizando as participações.

Iniciamos o evento a meia-noite, com uma abertura solene, seguido do “Baile do Desafio” até as duas da manhã. Depois veio a “Sessão Corujão”, a “Turma da Madrugada”, e assim por diante, com uma programação durante todo o dia até as 21 horas. Ainda naquela manhã, conseguimos colocar numa entrevista realizada no jornal da então Rádio Ipanema os ministros de saúde dos dois países, do nosso lado, na figura do ilustre do Doutor Abib Jatene.

O que eu não imaginava é naquele momento já era noite em Manado, com o evento concluído por lá e, no meu contato preliminar com o coordenador do “Dia do Desafio” de lá antes da entrada dos ministros, ele deixou escapar que haviam colocado 82% da população fazendo atividade física durante o dia...

Guardei esse segredo comigo ao longo do dia no trabalho de centenas de pessoas, até a contagem final de pessoas em nosso evento naquela noite.

Esse episódio de minha vida profissional serviu para reforçar ainda mais os meus princípios éticos.

Perdemos, mas ganhamos.

Eu sou Professor Bramante e até o próximo podcast.

Acessar