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Minhas saudações iniciais a todas e a todos.

O podcast da semana passada – o vigésimo desta série - foi o que recebi o maior número de feedback entre todos, alguns elogiando, outros questionando, um deles, fazendo uma brincadeira que este espaço não permite compartilhamento e, a maioria, dizendo esperar pela resposta neste podcast.

Portanto, se o título do podcast da semana passada foi “onde estão os homens”, o desta semana é, “eles estão aqui!”.

Há várias classificações para identificar as gerações, a maioria amparada por, digamos, uma periodização histórica, que é baseada em fatos marcantes para a sociedade como um todo. São elas os “Tradicionalistas”, os nascidos entre 1925 a 1945, os “Baby Boomers”, entre 1945 e 1964, a “Geração X”, entre 1965 e 1984, a “Geração Y”, entre 1985 e 1999, a “Geração Z”, entre 2000 e 2010 e a atual, denominada “Geração Alfa”, para aqueles que nasceram após 2011. Muito provavelmente estamos experimentando o início de uma nova segmentação histórica que poderíamos denominar de “Pós-COVID”.

Para fins desta análise, vamos aqui considerar os “Baby boomers”, que tem essa denominação devido a explosão populacional, especialmente nos Estados Unidos, no pós-guerra, com inúmeros desdobramentos decorrentes.

           Embora existam diversos estudos sobre a temática lazer na chamada terceira idade - acima dos 60 anos - continuo buscando pesquisas sérias que possam confirmar ou refutar a hipótese de que as mulheres, nesse grupo etário, desfrutam experiências de lazer mais diversificadas que os homens. Vale acrescentar que além das variáveis sexo e idade, a vivência das experiências de lazer é fortemente impactada pelas condições de vida tão desigual de nossa sociedade brasileira, impondo-se a pergunta “afinal, de que idoso estamos falando?”

           Os censos mais recentes apontam que temos uma população feminina mais ampla que a masculina e que a longevidade das mulheres é superior à dos homens, com inúmeras justificativas para tal, assim como muitos idosos, crescentemente, vem contribuindo, de forma expressiva, na manutenção financeira do lar de muitas famílias.

           Minha hipótese empírica, ou seja, não respaldada ainda por dados científicos, indica que praticamente em todos os programas que ofertam experiências de lazer nas comunidades, independente da modalidade, encontramos um número maior de mulheres do que homens.

Além de minha experiência pessoal relatada no podcast da semana passada, ou seja, além do professor, só eu de homem no curso que estou fazendo, é clássica aquela visão de bailes da terceira idade nos quais observamos mulheres dançando com mulheres, quando não contratam jovens do sexo masculino para dançarem praticamente toda a noite.

           Tal como nas demais dimensões da vida, no lazer também somos educados pelos mais diferentes agentes sociais a ter um repertório menor ou maior de experiências, dependendo dos estímulos da família, da escola, da igreja, dos clubes sociais-recreativos, dos amigos e até mesmo do ambiente de trabalho. Esse processo de sociabilização para o lazer ocorre durante toda a vida, mas tem características marcantes quando ainda somos mais jovens e assumimos novos compromissos chamados de “sérios”.

           Longe de querer generalizar, mas, se considerarmos os idosos de hoje, digamos aqueles nascidos entre os anos de 1950 e 60, vamos verificar uma destacada diferença no papel da mulher e do homem jovens numa sociedade que recém se urbanizava. Enquanto que o homem saia de casa para o trabalho, a mulher ficava em casa cuidando de inúmeros afazeres do lar, que incluía cuidar da casa, dos filhos, das relações familiares, numa construção de um “currículo oculto” futuro baseado em inúmeros conhecimentos e habilidades.

No campo do lazer, os homens que aprendiam futebol quando crianças, na idade adulta iam para os estádios e mais tarde, ao se tornarem idosos, prostam-se em frente do televisor para assistir... futebol.

Já as mulheres, que liam e contavam histórias aos seus filhos, os levava para a escola, relacionava-se com mais pessoas, diversificava os seus interesses, com o dia todo ocupado com as mais variadas obrigações, na medida que atingem a terceira idade, observam a existência de um mundo de oportunidades que potencializam conhecimentos e habilidades latentes.

Infelizmente ainda não temos estudos para sustentar ou refutar a hipótese acima já que, a única pesquisa desenvolvida em todo Brasil que eu conheça sobre hábitos de lazer, levada ao cabo em meados da década passada, estampada no livro “Lazer no Brasil”, editado em 2017 e organizado pelos competentes professores Edmur Stoppa, da USP e de Hélder Isayama, da UFMG, não trata desse recorte.

Portanto, sim, os “homens estão aqui!”, com interesses, crescentemente, cada vez mais diversificados no campo do lazer e, provavelmente, essa diferença ainda hoje observada, em breve seja nivelada.

Infelizmente, isso não representa que essas experiências serão mais qualificadas.

Eu sou Professor Bramante e até o próximo podcast.

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