Integra

Minhas saudações iniciais a todas e a todos.

O tema do podcast desta semana é “Reminiscências # 1: aproveitando oportunidades ”

Uma pessoa com mais de 70 anos sempre tem uma história para contar. Comigo não é diferente.

A partir de hoje, de vez em quando, pretendo compartilhar com vocês algumas experiências que vivi ao longo do tempo, na maioria delas, profissional, mas também algumas, pessoais.

Depois de quase dois anos nos Estados Unidos fazendo o meu mestrado em Ciências do Movimento e Desenvolvimento da Saúde, através de um bolsa de estudos da Fundação Rotária, voltei com a minha esposa Zeza grávida do Luis Renato e... desempregado. Vale a pena lembrar que ao sair para o mestrado eu tinha três trabalhos: lecionava Educação Física numa escola estadual, era professor de Voleibol e Recreação na Faculdade de Educação Física de Sorocaba e o primeiro professor de Educação Física da hoje Universidade de Sorocaba, fruto de uma lei que obrigava essa disciplina em todos os níveis de escolaridade no país.

(Um parêntesis: cada vez que identifico um componente curricular como “disciplina”, me vem sempre à mente aquela ideia de “grade curricular” e “cela de aula”...risos)

Mas voltemos...

Depois de alguns meses desempregado, fui convidado a fazer um concurso de admissão no Sesc em sua sede em São Paulo, numa vaga para “orientador social”, para fazer parte de uma recém-criada “Divisão de Esportes”, sob a liderança do extraordinário Professor Pedro Barros.

Fiquei lá somente um ano, mas foi o mais decisivo de minha vida para a escolha do campo de lazer como objeto de estudo e intervenção, que pautaria minha vida profissional até hoje, mesmo depois de aposentado.

No final de 1976 recebi um convite do Professor Clarim, presidente da então Comissão Central de Esportes de Sorocaba, para apresentar uma proposta de “política de lazer” para o município, já que o então prefeito da cidade, que seria candidato a reeleição a partir do ano seguinte, queria “algo novo” nessa área.

Baseado no que estudei em vi nos Estados Unidos durante o mestrado e no verdadeiro “laboratório” que foi o Sesc para mim, formulei uma proposta baseada em programas, projetos e atividades.

Na eleição realizada em novembro daquele ano, perde o então prefeito Dr. Armando Pannunzio, para cujo governo eu havia submetido a proposta e ganha um jovem prefeito, Dr. Theodoro Mendes, que convida um amigo próximo, Professor Luiz Almeida Marins Filho – patrono da fundação do mesmo nome - para ser o novo secretário da Educação e Saúde e este me convida para, além de gerir todo sistema pré-escolar da prefeitura, implementar a proposta de uma política de lazer, feita preliminarmente.

Essa proposta estava consubstanciada quatro eixos: (1) recreação comunitária, com dois programas denominadas “áreas de lazer” e “unidade móvel de recreação”, (2) recreação em microambientes, também com dois programas, “recreação para grupos profissionais”, com base na indústria, no comércio e nos bancos e “recreação terapêutica”, com base em hospitais, penitenciária, grupos da terceira idade, pessoas com deficiência, entre outros. Já o terceiro eixo era dedicado à “recreação em parques municipais”, considerados na época o Parque Zoológico Quinzinho de Barros, o Parque Natural de Esportes e o Parque da Biquinha, cada qual com sua vocação específica. Finalmente, em um quarto eixo, denominamos “eventos especiais”, um para cada mês, cobrindo os mais distintos interesses culturais do lazer e articulados com os demais eixos.

Provavelmente, essa foi uma das primeiras políticas de lazer municipais deste país a ser implementada de forma orgânica, que serviu de embrião para inúmeras outras experiências posteriores na cidade ao longo de pelo menos três décadas que, ainda hoje, repercutem na qualidade de vida das pessoas.

Portanto, não percam as oportunidades que aparecem para sempre fazer o melhor, já que “milagres” acontecem.

Eu sou Professor Bramante e até o próximo podcast.

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