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Bom dia a todas e a todos que me ouvem neste momento.

O tema de hoje é “A internacionalização do Lazer”.

Reinaldo Pacheco, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP e caríssimo amigo de jornadas acadêmicas desde os idos da Unicamp, sugeriu: “professor, por que você não aborda o tema da internacionalização do lazer em um de seus podcasts”?

Comecei a amadurecer o assunto e, de imediato, me dei conta que um podcast, nos moldes que tenho feito aqui, não seria possível. Portanto, é provável que venha falar mais sobre esse tema nas próximas oportunidades.

Falar de “internacionalização” no contexto atual de mundialização cultural é muito diferente dos tempos das minhas primeiras vivências fora do país há mais de meio século. Trata-se de um processo que, aos poucos, começamos a nos dar conta da importância de estreitar as relações internacionais, tanto na vida pessoal como profissional.

Como já falei por aqui, um dos divisores de água em minha vida, depois da ACM, foi ter tido a oportunidade de viver um ano nos Estados Unidos dentro de um programa de intercâmbio no qual passei um ano fazendo meu último ano de ensino médio, morando com uma família norte-americana, que chamava de “pai”, “mãe” e “irmãos”, no caso dois jovens e uma jovem. Foi lá que a chama para a importância da internacionalização nascia em meu coração.

Vivi intensamente os novos hábitos familiares, agregando novas responsabilidades; na escola, aprendendo, como dizemos, “na marra” o inglês, participando de alguns de seus clubes culturais e equipes esportivas no pós-aula, assim como na comunidade como um todo. Um dos pressupostos desses programas de intercâmbio são as participações nos chamados “shows de talentos”, nos quais, nós alunos estrangeiros de vivemos numa dada região, participamos ao longo do ano, a convite das várias escolas e clubes de serviços, em eventos seja para tocar algum instrumento, cantar ou dançar uma música típica do país de origem

Ali comecei a aprender que a apreciação por culturas diferentes é essencial para o desenvolvimento humano, convivendo com os nossos potenciais e limites frente a cada nova situação na qual você é chamado a tomar decisões por si próprio.

Pelo lado do serviço voluntário, essa experiência pessoal me levou, décadas depois, a participar do Programa de Intercâmbio de Jovens do Rotary Internacional.

Estou há mais de uma década convivendo com adolescentes que desejam ter essa experiência educacional e cultural, assim como seus familiares nessa nova etapa de suas vidas.

Não é uma tarefa fácil para ninguém, nem para o jovem, muito menos para os familiares e nem mesmo para nós, que fazemos parte de um grupo de pessoas voluntárias abnegadas que dedicam todo seu conhecimento e experiência, conseguindo, na maioria das vezes, com enorme sucesso, traduzindo a nossa experiência vivida internacionalmente em algum momento de nossas vidas buscando o desenvolvimento integral desses jovens.

Habitualmente, alguns pais temerosos, perguntam: “mas meu filho não vai perder um ano de escola ao fazer intercâmbio?” Nossa resposta é simples: “não, ele vai ganhar uma vida nesse ano!”

No retorno desses jovens, o que mais se ouve é “Esse foi o ano que mudou a minha vida” ou “fui menina e voltei mulher”, entre outros depoimentos.

Comigo foi o mesmo: fui um aluno medíocre e voltei um aluno, como dizemos, com o perdão da palavra, “CDF”. Fui um jovem querendo se destacar no time do basquete da escola, mas voltei com a certeza que desejava fazer Educação Física e continuar meus estudos no mestrado e doutorado no futuro.

Três anos após meu retorno ao Brasil, já cursando faculdade, ganhei de presente de minha família americana, uma passagem de ida-e-volta para participar da Convenção Anual do American Field Service – organização pela qual conquistei a bolsa de estudos - e lá eu assisti, entre tantas outras, uma palestra da extraordinária antropóloga cultural Magaret Mead, revelando a importância da convivência entre os diferentes para ampliar o diálogo local-global.

Também nessa visita, essa extraordinária família norte-americana que me tão bem me acolheu, agendou um encontro com o coordenador de pós-graduação no programa de Educação Física da West Chester University no estado da Pensilvânia onde, três anos depois, recém-casado, voltaria para fazer o mestrado através de uma Bolsa da Fundação Rotária, quando fiquei conhecendo essa extraordinária organização.

E a internacionalização do Lazer? Meu caro Reinaldo, me perdoe, esse será o tema da próxima semana.

Eu sou Professor Bramante e até o próximo podcast.

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