Integra

Bom dia a todos que me ouvem.

Nesta semana o tema do meu podcast é “Ouvir, escutar e desfrutar”.

É raro, mas isso acontece.

Habitualmente o tema de podcast surge na minha cabeça – na maioria das vezes tomando banho – (não me perguntem o porquê) - e aos poucos, o texto vai surgindo. Uma vez ou outra surgem ideias para dois temas na semana, mas três, esta é a primeira vez.

Optei pelo último ao ouvir o programa “MPB, melhor papo de boteco” na Rádio Super FM de Sorocaba, produzido e apresentado pelo meu amigo Gilson Lima, que vai ao ar todas as quintas às 15h00. O programa conta histórias e curiosidades sobre músicas, cantores, músicos e compositores. Para quem se interessar, basta dar uma busca, por exemplo, no Spotfy (segue o link: https://open.spotify.com/show/2Ur0KqyO1of1Qvoz4ByIbl).

Esse último programa, em particular, homenageou a extraordinária interprete Leila Pinheiro, baseado no seu CD “Benção, Bossa Nova”, realizado em homenagem aos 30 anos desse importante movimento musical brasileiro, que logo se espalhou por todo mundo.

Comecei a ouvir o programa em uma das minhas caminhadas pelo Parque Campolim e, de imediato, de ouvir, passei a escutar cuidadosamente cada uma das músicas.

Qual é diferença entre ouvir e escutar?

Ouvir refere-se aos sentidos da audição, já escutar requer mais que ouvir, ou seja, a pessoa começa a prestar maior atenção no que ouve, entende do que se trata e começa a sentir o impacto de cada palavra.

Mas fui além: depois de ouvir e escutar, comecei também a desfrutar cada música, chegando a me emocionar em algumas delas.

Veio à minha lembrança muitas das músicas que eu executava nos “shows de talento”, tão comuns, que somos chamados a fazer em escolas da região durante programas de intercâmbio no exterior. O meu era cantar e tocar violão, que aprendi com o queridíssimo professor Zé Bastante, que ensinava acordes dissonantes extraordinários, próprios da bossa nova.

Comecei então a lembrar-me como, há 60 anos, pais de repertório cultural e recursos financeiros limitados, para além da escola regular, faziam questão que eu tivesse aulas de piano, violão, bateria, pintura, se não estou equivocado, com a Dona Odila Valle e, mais tarde, exposto às mais diferentes modalidades esportivas na ACM, uma instituição conhecida pelos seus valores cristãos, que ensina para além dos esportes, a convivência prazerosa, a atenção ao próximo e estimula o voluntariado de forma séria, como falei já aqui em outro podcast.

Comecei a entender então, provavelmente, a gênese da minha escolha profissional pelo campo do lazer como objeto de estudos, pesquisas e intervenção ao longo de toda uma carreira.

Inevitável, veio à minha cabeça o atual perfil da infância e juventude e como elas desfrutam do lazer em nossos dias, considerando-se a diversidade de exposição às mais distintas experiências lúdicas, praticamente, desde ao nascer e nunca mais parar. Será que os agentes de sociabilização, como a família, a escola, a igreja, a comunidade e a cidade como um todo estão cumprindo esse papel?

Voltaremos um dia a esse tema sobre lazer na infância e na juventude.

Antes de encerrar, há pouco tempo, já na terceira idade, resolvi me matricular em aulas de violão e depois de bateria. O primeiro passou quase três meses me ensinando dedilhado e o segundo, a todo custo, queria que eu aprendesse a tocar bateria por partitura...

Eu queria tão somente que essas pessoas conhecessem o meu nível de conhecimento e habilidade nesses instrumentos e me fizessem brincar! Mas isso não aconteceu.

Relembrando o mestre Ruben Alves, com quem tive o privilégio de tê-lo como colega na Unicamp, considerando que o corpo humano carrega duas caixas, uma de ferramentas e outra de brinquedos, como educar para a sensibilidade e para a humanidade? Onde entram as “coisas da inutilidade” em relação as “coisas de utilidade”?

E ele lança a perturbadora pergunta: você é ferramenta ou brinquedo?

Eu sou Professor Bramante e até o próximo podcast.

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