Resumo

INTRODUÇÃO: Levando em consideração os dados acerca dos benefícios que o exercício pode proporcionar à saúde, há uma tentativa de compreender as razões pelas quais alguns indivíduos ainda se mantêm distante da prática, havendo escassez das investigações genéticas em populações brasileiras. Ademais, o excesso de exercício pode desencadear o surgimento de transtornos de comportamento, descrito como dependência de exercícios físicos. Não foram encontrados na literatura estudos que tenham proposto associação de polimorfismos genéticos com a dependência de exercícios físicos. OBJETIVO: a dissertação comporta dois estudos, cujos objetivos são: i) realizar uma revisão de literatura sistemática com o objetivo de verificar a associação de variantes genéticas com a prática de exercícios físicos voluntários; e ii) verificar a associação dos polimorfismos genéticos DRD1 rs265981, DRD2 rs1800497, BDNF rs6265, HFE rs1799945, ACTN3 rs1815739, PPARA rs4253778 e PPARGC1A rs8192678 e AMPD1 rs17602729 com a adesão e a dependência da prática de exercícios físicos. MÉTODO: Para a revisão sistemática sete bases de dados foram usadas com as palavras chaves: “Polymorphism”, “Spontaneous Exercise", "Exercise Behavior", “Humans”, “ACTN3”, “PPARA”, “DRD1”, “DRD2”, “BDNF”, “PGC1ALFA”, “ACSL1”, “AMPD1”, “GDF8”, “HFE”, “COL5A1” e “PPARGC1A”. Para o segundo estudo, 469 indivíduos foram avaliados através de raspado bucal para as análises genéticas e questionário, contendo perguntas relacionadas à prática de exercícios físicos, IPAQ, frequência semanal, tempo despendido, entre outros. Ademais, foi incluído neste questionário a Negative Addiction Scale para mensurar os relatos sintomáticos da dependência de exercícios físicos. Foi incluída nas análises a variância molecular para comparar a população do presente estudo com a população mundial disponível no banco de dados “1000genomes”. RESULTADOS: no primeiro estudo, através da revisão de literatura sistemática, foi possível identificar 19 estudos que propuseram investigações acerca de polimorfismos genéticos com a prática de exercícios, tendo sido apontado 29 SNPs (Polimorfismo de Nucleotídeo Simples, do inglês “Single Nucleotide Polymorphism”) candidatos a modificarem ou influenciarem, de certa forma, este fenótipo. No segundo estudo, os SNPs ACTN3 alelo T e PPARA alelo C foram associados significativamente com o maior tempo gasto em exercícios físicos. Em relação à dependência de exercícios físicos, os SNPs DRD2 alelo G e foi associado com os indivíduos com relatos assintomáticos, enquanto o SNP BDNF alelo C foi associado com os indivíduos com relatos sintomáticos. CONCLUSÃO: a revisão sistemática realizada demonstra que poucos estudos investigaram a associação de polimorfismos genéticos com a prática de exercícios físicos. No entanto, apesar da escassez, foi possível identificar 29 SNPs associados a este fenótipo, o que sugere que parece haver contribuição genética para a prática de exercícios. Mais uma vez, através das investigações do segundo estudo, foi possível identificar polimorfismos genéticos associados à prática e à dependência de exercícios físicos. Ao que parece, o sistema nervoso, metabólico e os fenótipos musculares parecem estar envolvidos com ambos os desfechos.

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