Políticas de Promoção do Uso da Bicicleta: Perceção de Utilizadores e Não Utilizadores de Bicicleta
Por Irina Isabela da Silva Guerreiro (Autor), Margarida Mascarenhas (Autor), Elsa Pereira (Autor), Carlos Jorge Pinheiro Colaço (Autor).
Em Revista Intercontinental de Gestão Desportiva v. 4, n 2, 2014. Da página 1 a 17
Resumo
A utilização da bicicleta seja como meio de transporte, lazer ou desporto, proporciona um largo conjunto de benefícios, nomeadamente, contribui para a promoção da saúde pública e para a melhoria do ambiente urbano, gera poupanças económicas nos orçamentos familiares, permite uma diminuição do consumo de recursos não renováveis e concorre ainda na democratização da mobilidade. Apesar de termos vindo a assistir a um crescimento da utilização da bicicleta em Portugal, este não tem sido tão rápido como se desejaria, sobretudo quando o comparamos com os países do norte da Europa. A construção de infraestruturas cicláveis, por si só, não é promotora do uso da bicicleta. A conceção de políticas capazes de gerar maior adesão dos cidadãos a este meio de transporte sustentável, económico e saudável tem que partir do conhecimento das reais necessidades/preocupações dos utilizadores (e potenciais utilizadores) da bicicleta. Nesta perspetiva, o objetivo do presente estudo é determinar quais as medidas que suportariam uma mudança comportamental ao nível do incremento deste consumo desportivo em Portugal, a partir da auscultação dos utilizadores de bicicleta (UBs) e dos não utilizadores de bicicleta (NUBs). O instrumento de medida escolhido foi o questionário e a recolha de dados processou-se em papel e online. Para o tratamento de dados foi utilizado o software IBM SPSS (versão 19). A amostra envolve um total de 1581 indivíduos, dos quais 795 são UBs e 786 NUBs. Os resultados revelam um claro apelo por ambos os grupos à construção, manutenção e segurança de ciclovias. Os UBs reclamam ainda medidas facilitadoras do uso da bicicleta como meio de transporte quotidiano, nomeadamente, em termos de rapidez, segurança e maiores distâncias. O presente estudo permite uma primeira abordagem à conceção de um plano estratégico de promoção nacional da utilização da bicicleta, apontando claramente para a conjugação sinérgica de medidas/políticas complementares.