Resumo

As vivências de lazer representam o homem moderno na cidade, e de uma forma diferente de séculos passados, antes do processo de industrialização e urbanização, onde estas eram vividas cotidianamente sem rupturas tempo de trabalho/tempo de lazer. Também há o rompimento de uma vida quase unificada homem-natureza, resultando na necessidade de institucionalização de espaços específicos, os quais possam propiciar um movimento de reaproximação com a natureza: as Áreas Verdes Públicas Urbanas (AVPU). Tais áreas são um tipo de espaço livre de apropriação pública por excelência, geralmente gerenciadas pelo poder público, localizadas em áreas urbanas ao ar livre (se contrapondo às áreas edificadas), onde há predominância de vegetação arbórea e solo com pouca ou nenhuma impermeabilização. Possuem configurações ecológicas, estéticas e de lazer e são destinadas ao uso público da população da cidade para descanso, passeio e práticas corporais diversificadas, com diferentes graus de acessibilidade e de apropriação, sendo algumas mais livres e outras com certo controle de uso. Englobam praças arborizadas, jardins públicos, parques urbanos, unidades de conservação de proteção integral, hortos urbanos, jardins botânicos, jardins zoológicos, áreas com arborização urba na (canteiros centrais de avenidas, trevos de vias públicas e rotatórias de vias públicas que exercem apenas funções estéticas e ecológicas) e faixas de ligação entre áreas verdes (BAHIA, 2012). Este estudo é um recorte de trabalho doutoral e tem por objetivo descrever o papel das políticas públicas de lazer e do processo de educação ambiental nessas áreas em Belém (PA). De cunho qualitativo, a pesquisa tem base em estudos exploratórios, com combinação entre le vantamento bibliográfico, análise documental e pesquisa de campo, com observação simples e entrevistas não diretivas. Como resultado, foi possível observar que há o reconhecimento da existência do lazer institucionalizado, já que na sociedade moderna o espaço e o tempo nas grandes metrópoles passam a adquirir esse caráter, mas também fica evidente que o cidadão vivencia o lazer como prática livre, como necessidade humana, muitas vezes se utilizando deste como intermediador de suas relações com a natureza. Existem diversas formas de relações nas áreas verdes públicas urbanas e, possivelmente, um processo de educação ambiental aliado a um lazer de qualidade poderia melhorar tais relações. Muitos visitantes atribuem um significado importante às AVPU, entretanto, este significado não é o mesmo por parte do poder público, já que essas áreas não são idealizadas para a execução
de projetos com objetivos referentes às vivências de lazer. Apesar da diversidade de vivências de lazer demonstradas por estes, as secretarias responsáveis por
políticas públicas de lazer e de educação ambiental se mostram ausentes desses espaços. Numa lógica condicionada ao crescimento, sem maiores preocu pações com a preservação e o estabelecimento de espaços verdes, as políticas urbanas vêm deixando à margem de suas ações alguns espaços das cidades, dentre estas Áreas Verdes Públicas Urbanas. Torna-se urgente, portanto, que as políticas públicas de lazer e de educação ambiental estejam direcionadas para produzir oportunidades, criando, facilitando o acesso e democratizan do tais espaços na cidade, pois estes poderão qualificar tais experiências.