Resumo

As experiências de sujeitos sociais que não necessariamente pegaram em armas ou se envolveram nas causas nacionalistas-independentistas não constituem, necessariamente, objeto privilegiado de investigação na historiografia que se dedicou aos últimos anos do colonialismo português em Moçambique e no período recém-independente. No entanto, durante as ações da luta armada e os vários congressos realizados, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) debateu o que era - e o que deveria ser - a cultura moçambicana, justamente perpetuada por “pessoas comuns”. Os embates sobre esta definição passaram por um exercício duplo de se olhar para o passado e projetar um futuro. Buscava-se uma autenticidade a partir da identificação do que teria permanecido preservado da influência do colonialismo e do capitalismo. Ao mesmo tempo, perguntava-se como a cultura que viria a ser nacional deveria ser desenvolvida, estimulada, valorizada. Neste embate, que permeou o período do colonialismo-tardio (1945- 1974) e avançou ao longo do Tempo Samora (1975-1986), artistas Fany Mpfumo, cantor e compositor do que era chamado na época como “música ligeira” ou “música moderna”, e que só foi ganhar o nome de marrabenta anos mais tarde, tiveram de manejar suas criatividades e sustento financeiro com os projetos políticos vigentes no país.

Acessar