Por que o trabalho com jogos?

Parte de jogando com o Circo . páginas 15 - 19

Resumo

O jogo é uma atividade amplamente presente em nossa cultura, sendo muitas vezes atribuída unicamente à infância, mas seu âmbito de ação vai muito além dela. Muitas vezes, por essa estreita ligação com a infância, é considerado como algo “não” sério, tratado como supérfluo, como pernicioso ao desenvolvimento, próprio de um período da vida não produtivo – em termos de trabalho-, portanto, não sério. Mesmo no ambiente educativo essa ideia prevalece e o jogo é usado muitas vezes para ocupar tempo ocioso dos alunos, sem nenhuma função pedagógica e sem o reconhecimento de sua natureza formativa (FREIRE, 2002). Muitas vezes só é permitido à criança brincar após realizar suas tarefas, suas obrigações. Também usa-se o jogo como forma de controle, para manter as crianças quietas, criando-se mesmo jogos para tal. Ou ainda, o jogo não é permitido, pois distrai a criança e dificulta seu aprendizado ou porque deixa as crianças alvoroçadas. Porém, o que vemos é o contrário disso: esse caráter supérfluo não se revela na prática. O jogo tende a tornar-se necessidade na vida não apenas das crianças, o que seria até certo ponto óbvio dado que vemos crianças brincando sempre, mas também, para jovens e adultos, pois tem como uma das características a evasão da vida real (HUIZINGA, 2004), o que permite ao jogador abstrair-se das atividades diárias (trabalho, estudos etc.), muitas vezes estressantes, para “recompor-se”. Essa interrupção revela-se importante, pois é durante ela que o sujeito cria. Estando livre das amarras das obrigações e das pressões o potencial criativo pode ser libertado.