Resumo

Pela primeira vez na vida me sinto nervoso para escrever um texto. Já senti esse frio na barriga quando falei a primeira vez para um grupo de pessoas em um evento ou na minha primeira aula na escola. Todavia, sinto um misto de satisfação por participar da organização de uma edição especial da Revista Brasileira de Educação Física Escolar (REBESCOLAR) em comemoração ao centenário de Paulo Freire e uma tristeza profunda pelo autoritarismo que vai ser fortalecendo no território brasileiro com um governo reacionário e neoconservador. Digito essas palavras também em um momento onde mais de 550 mil pessoas perderam a vida no Brasil por conta da COVID 19. Alguns amigos, conhecidos e familiares se foram antes da hora. Muitos que sobreviveram me desapontaram de uma forma tão intensa que cheguei a perder a fé em dias melhores.

Destarte, quando comecei a receber os textos que irão compor essa edição da REBESCOLAR reacendeu na minha alma e no meu coração um sinal de esperança por dias melhores. Meu encontro com o patrono da educação brasileira foi ainda na Licenciatura em Educação Física, quando uma professora solicitou uma pesquisa sobre o livro Pedagogia da Autonomia. Isso aconteceu no ano de 2007 e, desse momento até hoje, me aproximei e me afastei constantemente das contribuições teóricas de Paulo Freire. Sempre defendi que a prática políticopedagógica da Educação Física precisava ser inspirada pelas teorias críticas de currículo, mas não tinha ideia que o país em que nasci viraria de cima para baixo com um golpe jurídico-midiáticoparlamentar, avanço das políticas neoliberais e a intensificação de um discurso fascista dos governantes de plantão. Desde 2016 vejo a democracia brasileira ser destruída, mas por incrível que pareça essa realidade nefasta me reaproximou do pensamento freireano.

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