Resumo
A presente tese de doutorado localiza-se no campo prático, epistemológico e conceitual das interrelações da arte e da educação com vistas a ressaltar perspectivas contemporâneas para o fazer educativo. Apresenta como objeto de análise parte da produção artística do Grupo TerraCotta Dança AfroContemporânea (2008 – 2014) com amplo destaque para o projeto Dançando a Nossa Cor, sublinhando as ações decorrentes da 3ª temporada- 2013. Por meio da investigação de documentos físicos, arquivos sonoros e acervo fotográfico do grupo e da Secretaria Municipal de Cultura buscou-se subsídios para as análises apresentadas acerca da produção cultural negra e parte de seus processos formativos e identitários, referendando o contexto cultural da cidade de Uberlândia nas décadas de 1990, 2000 e 2010. Recursos da história oral e instrumentos de análise de material multimídia também compõe os processos metodológicos que além de tratar dos argumentos e objetos de pesquisa prospectam a questão das violências imputadas aos corpos negros sobretudo nas dimensões: física, simbólica, afetiva, psicológica e social. O trabalho realizado em escolas das redes públicas, por meio apresentações artísticas, cursos e palestras, objetivou contribuiu para a formação de docentes para o trato com a cultura negra frente aos processos de discriminação racial subjetiva e institucional, além de estabelecer caminhos para a discussão e implementação da Lei Federal 10.639/03. Os diálogos teóricos apresentam parte dos estudos decoloniais na perspectiva das epistemologias do sul e as implicações do conceito de alteridade, negritude e etnicidade relacionados ao corpo negro afro-brasileiro e latino-americano sobretudo apresentando o conceito de corpos enegrecidos. As análises estabelecidas nos campos artístico e educacional articularam a natureza da cultura negra popular que se (re)constrói pela musicalidade, dança e iconografia no trajeto de reterritorialização dos corpos negros no contexto da escola e da cena. Como resultado (em processo) o texto da tese sugere reflexões que podem contribuir para enfretamentos dos protocolos de racismo, discriminação e epistemicídio negro com vistas a reconhecer a relevância dos saberes negros no contexto da arte e da educação contemporânea.