Resumo
Esse estudo objetivou propor um corpus de saberes teórico-práticos que desse elementos à teorização da avaliação indiciária, ao debate da produção de sentidos com o aprender; como, também, aos usos e análise das leituras dos aprendizados por meio de registros avaliativos imagéticos. Sustenta a tese de que a incorporação dos elementos da teoria experiencial do sujeito de Marie Christine Josso, da filosofia dialógica de linguagem em Mikhail Bakhtin e narrativa em Walter Benjamin; bem como a concepção de educação dialógica em Paulo Freire, fundamentam esta discussão sobre teorização da avaliação indiciária. Optou-se por empregar uma metodologia de trabalho qualitativa de caráter plurimetodológico. O texto foi organizado em partes. Os dois primeiros capítulos da Parte I apresentam o objeto de estudo no campo da avaliação educacional brasileiro, em uma análise da produção do conhecimento em avaliação da aprendizagem na Educação e na Educação Física, no período de 2005 a 2015. O terceiro capítulo traz a história da trajetória dos estudos com avaliação educacional pelo grupo Proteoria, objetivando problematizar a constituição da teorização da avaliação indiciária. A Parte II traz um capítulo que apresenta a incorporação do corpus de saberes teórico-práticos à avaliação indiciária, e mais dois capítulos de pesquisas de campo do tipo (auto)biográfica, pela entrada metodológica ateliê biográfico com alunos jovens de duas escolas do ensino fundamental, uma da Prefeitura Municipal de Vitória e a outra de Serra. Estas escolas possuem uma história de duas docentes de Educação Física que permaneceram com o mesmo grupo de alunos, lecionando para eles por mais de cinco anos. Essas educadoras tem um trabalho pedagógico com registros avaliativos em diferentes linguagens: textos, provas, desenhos, diários da Educação Física, portfólios de fotografias e filmagens. Com essas investigações empíricas, analisou-se os sentidos atribuídos pela professora e alunos à avaliação da Educação Física. A tese problematiza de que maneira os usos de registros avaliativos imagéticos sinalizam possibilidades para se pensar em avaliar na concepção indiciária na perspectiva investigação-formativa, com vistas às projeções do ensino e aprendizagens das práticas corporais. Os resultados apontam para a incorporação na teorização indiciária, da prática avaliativa por investigação narrativa, tomando a formação humana como centralidade do processo educativo. As potencialidades da teorização da avaliação indiciária estão, primeiramente, em anunciar o avaliar na centralidade do protagonismo do aluno no processo formativo, compreendendo que o aprender são ações individuais e coletivas. Demonstra a importância da produção das práticas avaliativas na/pelas narrativas das experiências de ensino e de aprendizagens, materializadas em registros que deem visibilidade às interpretações dos caminhos percorridos na trajetória dos aprendentes da formação humana. Essa necessidade leva a anunciar a importância do lugar das práticas (auto)avaliativas, principalmente, como fazer sua materialização por meio dos registos imagéticos, pensados, especialmente, ao avaliar a especificidade do conhecimento que lida a Educação Física. Avaliar torna-se ações investigativo-formativas dos aprendentes de análise das escritas-narrativas corporeizadas pelas/com as experiências das práticas corporais e da forma como essas inscrições fornecem indícios aos modos de projeções de aprendizagens na formação do corpo biográfico.