Resumo

Esta breve revisão demonstra que o sedentarismo e a ausência de adaptações induzidas pelo exercício regular reduzem as reservas fisiológicas do corpo, o que acarreta vários riscos para a saúde e a capacidade física. O sedentarismo é um fator de risco importante por si só, mas exerce uma influência negativa direta sobre outros fatores de risco (p.ex., obesidade, hipertensão, metabolismo do colesterol). A redução da força estática e dinâmica, da endurance muscular e da mobilidade aumenta também os riscos de acidentes e lesões do aparelho locomotor. Dada a grande prevalência do sedentarismo, pelo menos nos países industrializados, o seu combate deve ser incluído no planejamento das políticas de saúde pública. As conseqüências desta situação são evidentes. Para melhorar ao máximo as suas propriedades morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e metabólicas, o organismo humano necessita de uma determinada quantidade de atividade motora ao longo da vida1-3. O uso adequado da musculatura esquelética, com as suas conseqüências fisiológicas adaptativas para todos os demais sistemas, faz parte do "manual de instruções" do corpo. A falta de uso é contra as "instruções de uso" ditadas pelas leis da natureza. Além disso, os exercícios rítmicos habituais de endurance (como a corrida, o ciclismo, a caminhada, o esqui de planície, o remo e até o tênis e os esportes coletivos) realizados durante pelo menos 30 minutos três a cinco vezes por semana, em geral estão combinados com um estilo de vida saudável (p.ex., uma nutrição equilibrada quantitativa e qualitativamente, ingestão moderada de álcool, não fumar)4. Mediante esta atitude, consegue-se um benefício adicional consistente em termos de saúde e capacidade funcional a longo prazo e uma maior alegria de viver, adicionando "vida" aos anos, e provavelmente anos à vida. Um "fator de risco" é uma característica individual, física ou comportamental, associada com uma maior possibilidade de desenvolvimento de determinadas doenças. Os conceitos modernos sobre os fatores de risco podem ser de especial utilidade no campo da prevenção e desempenham papel fundamental nas estratégias das políticas atuais de saúde pública. A utilização adequada do sistema mais volumoso do corpo, o sistema muscular esquelético, provoca de forma complexa uma adaptação de todos os sistemas funcionais5. No caso do sedentarismo, que atualmente contribui com uma parte da morbidade da população, a capacidade dos órgãos internos se ajusta a um nível relativamente baixo de atividade física. A epidemiologia analítica e descritiva6-8, bem como os estudos experimentais9-12, indicam que os indivíduos que preferem um estilo de vida sedentário estão mais predispostos a determinadas doenças do que os fisicamente ativos. A atividade física regular pode ser identificada, desta forma, como importante fator de risco para as doenças crônico-degenerativas mais freqüentes. Em geral, as conseqüências patológicas dos fatores de risco externos (como o sedentarismo, o tabagismo, uma nutrição não fisiológica em quantidade ou qualidade e a ansiedade) e dos internos (hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes mellitus, gota, hipertrigliceridemia, obesidade) são evidentes. Portanto, estes devem ser descobertos, controlados e combatidos desde os primeiros anos de vida.

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