Resumo

O amadorismo e o profissionalismo dentro do esporte estão relacionados às intenções da prática, sendo que primeiro é voltado à perspectiva do lazer, e o segundo à perspectiva do trabalho (SILVA, 2011). Contudo, é importante ressaltar que os conceitos dos mesmos são, de certa forma, porosos, e não podem ser considerados subdivisões rígidas. O futebol feminino é uma modalidade que demonstra isso de maneira bastante marcada, haja vista que, segundo relatos de atletas, o amadorismo e o profissionalismo nesse esporte se mostram quase mesclados, pois mesmo atletas tidas como profissionais são impossibilitadas de se dedicarem exclusivamente à modalidade, devido à baixa remuneração e ao baixo incentivo à prática no país e atletas com interesses amadores não raramente recebem convites para participar de competições profissionais. O objetivo do presente estudo é investigar as possíveis razões e significados da permanência e até da preferência de mulheres na e pela prática amadora do futebol. Para alcançar o objetivo estabelecido, optou-se por trabalhar com a metodologia de História Oral, a qual se utiliza de entrevistas com sujeitos que vivenciaram experiências que, de alguma forma, podem servir para a análise de um determinado objeto de estudo (ALBERTI, 2005). Desse modo, foram realizadas entrevistas com três mulheres que no passado praticaram tal modalidade em condições profissionais e atualmente a praticam de forma amadora. Para a análise dessas entrevistas foi utilizado como referencial teórico o conceito de memória, uma vez que, a oralidade possui dificuldade em repetir, conservar ou rememorar o tempo com exatidão e, por isso, se vale de conceitos como memória, tradição e conservação (PORTELLI, 2010). Logo, a partir dessa análise, foi possível perceber que o amor e o prazer pela prática, assim como a obrigação e o compromisso para com seu time, são os principais motivos que fazem tais atletas permanecerem no universo do futebol feminino amador, uma vez que as mesmas costumam deixar outros compromissos e até mesmo a família em segundo plano em prol de tal prática, fato que permite, portanto, tratá-la como lazer sério.