Resumo

A presente dissertação trata da construção da rivalidade clubística entre Grêmio e Internacional, aqui pensada como uma construção social, com o intuito de verificar a influência que ela tem no processo de identificação dos torcedores integrantes de torcidas organizadas formais e informais desses clubes e de entender como esses elementos se relacionam com as violências entre eles. O objetivo é relacionar a construção social da rivalidade clubística e as violências entre os torcedores, que é mediada por um processo de identificação. O que interessa é a importância que o aspecto da rivalidade possui neste processo, pois se pensa que a maneira como ela é construída acaba refletindo nas posturas de hostilidade com relação aos torcedores do outro clube. A perspectiva teórica adotada está calcada no pensamento de Norbert Elias, no que se refere a Sociologia Configuracional e a Sociologia dos Esportes, Claude Dubar e Stuart Hall e os conceitos de identidade, assim como Peter Berger e Thomaz Luckmann. A problematização está inserida a partir de uma Sociologia das Violências e das Conflitualidades, estudada por José Vicente Tavares dos Santos. O método utilizado foi da observação, realizada durante o Campeonato Brasileiro de 2010,2011 e parte de 2012, aliada a técnica da entrevista semi-estruturada com torcedores e torcedoras dos referidos clubes. Verificou-se que a imprensa possui um papel importante na construção da rivalidade Gre-Nal, principalmente porque ela contrapõe um estilo gaúcho a um estilo brasileiro de jogar futebol, exaltando assim os dois principais e referidos clubes do extremo sul do Brasil. Exaltar e rivalizar Grêmio e Internacional são aspectos fundamentais para estabelecer o futebol rio-grandense. Tal processo teve impacto na formação das identidades dos torcedores desses clubes, que historicamente se reconhecem como rivais. A tensão de se identificar pelo amor ao clube e pelo ódio ao outro acaba fortalecendo o elemento da rivalidade como um elo de ligação dos torcedores em estudo, dificultando o desenvolvimento da prática da negociação de conflitos entre as torcidas de Grêmio e Internacional e traduzindo os confrontos violentos como uma marca constitutiva dos espetáculos de futebol.

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