Resumo
O objetivo do presente estudo foi comparar a potência crítica estimada em esforços contínuos (PCc) e intermitentes (PCi) e suas respostas fisiológicas (consumo de oxigênio (VO2), frequência cardíaca (FC) e concentrações sanguíneas de lactato ([La])) e percepção subjetiva de esforço (PSE) durante e no tempo limite até exaustão (Tlim). Participaram deste estudo dez homens, moderadamente ativos (25,5 ± 4,2 anos; 74,1 ± 8,0 kg; 177,6 ± 4,9 cm). Os testes foram divididos em 3 etapas; 1ª – recrutamento dos sujeitos; 2ª – a aplicação do teste incremental para determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2max), frequência cardíaca máxima (FCmax) e concentração máxima de lactato sanguíneo ([Lamax]) e máxima potência aeróbia (MPA), e posteriormente foram aplicados 4 testes preditivos exaustivos contínuos (Wc1 – Wc4) e 4 intermitentes (Wi1 – Wi4) utilizando uma razão de esforço e pausa ativa a 50% da MPA (P50%rec) de 30s:30s. A partir da relação hiperbólica entre a intensidade e Tlim obtidos nos testes contínuos e intermitentes, foram determinados os parâmetros potência crítica contínua (PCc) e intermitente (PCi); 3ª – foram executados os testes na PCc e na PCi sendo analisados as respostas de VO2, FC, [La] e PSE ao longo do tempo até o Tlim. Foi encontrada uma excelente relação entre a intensidade e Tlim nos esforços contínuos (R2 = 0,99 ± 0,03) e intermitentes (R2 = 0,97 ± 0,03). Os resultados demonstraram que os parâmetros estimados de forma intermitente (PCi e capacidade de trabalho anaeróbio intermitente (CTAi)) foram maiores quando comparados ao formato de exercício contínuo (PCc e capacidade de trabalho anaeróbio contínuo (CTAc)), (P < 0,05). Porém, as respostas fisiológicas de VO2, FC, [La] e PSE durante o exercício realizado na PCc e PCi não se diferiram entre ambos os testes ao longo do tempo. As respostas fisiológicas (VO2, FC e [La]) ao final dos testes realizados, o que correspondia ao Tlim na PCi e PCc foram significativamente menores dos encontrados para VO2max, FCmax e [Lamax]. Para PSE final, em média, nos testes na PCc e PCi foram classificadas pela escala de Borg como “>18: muito intenso” e >19: muito, muito intenso”, respectivamente. Houve uma alta correlação entre o VO2max (L.min-1) com as intensidades na PCc e PCi (W) (r = 0,91 e 0,90), entre a MPA (W) com a PCc e PCi (W) (r = 0,98 e 0,95) e o Tlim na PCc e PCi (r = 0,80). Além disso, as intensidades PCc e a PCi apresentaram alta correlação entre si (r = 0,96). Entretanto, o VO2max (L.min-1) não se correlacionou significativamente entre os Tlim na PCc e na PCi (r = -0,50 e -0,52). Os achados deste estudo demonstram haver semelhantes respostas fisiológicas e perceptuais durante os esforços contínuos (PCc) quanto intermitentes (PCi), apesar das intensidades absolutas serem diferentes na PCc e PCi (P < 0,05).