Resumo

O processo de mudança abrupta da infância para a fase de preparação para tornar-se adulto juntamente com a configuração acelerada da vida moderna fazem com que os adolescentes experimentem altos níveis de tensão. Nessas condições, a exposição prolongada a estressores internos e/ou externos pode promover manifestações físicas, cognitivas e psicossociais tais como, sudorese, dificuldades para dormir, tristeza, solidão, pensamento e planejamento suicida. Esses indicadores de estresse são capazes de comprometer a saúde e qualidade de vida dos adolescentes. Para minimizar tais danos, torna-se necessária a adoção de estratégias para reverter esse quadro. Neste contexto, a atividade física tem sido apontada como uma estratégia para aliviar a tensão e minimizar os efeitos nocivos do estresse. Assim, o objetivo do presente estudo foi analisar a associação entre o nível de atividade física e a exposição simultânea a indicadores de estresse em adolescentes. Trata-se de um estudo epidemiológico transversal de base escolar e abrangência estadual. A população alvo foi constituída por adolescentes matriculados na rede pública estadual de Ensino Médio do Estado de Pernambuco, selecionados por meio de um procedimento amostral por conglomerados em dois estágios. Os dados foram obtidos por meio do questionário Global School-Based Student Health Survey. A variável independente foi o nível de atividade física e a variável dependente foi a exposição simultânea a cinco indicadores de estresse (dificuldades para dormir devido a preocupação, sentimento de tristeza e solidão, pensamento e plano suicida). Para análise dos dados, utilizou-se a distribuição de frequência e o teste do Qui-Quadrado. Além disso, foi conduzida uma regressão logística binária a fim de verificar a associação entre a variável independente e a dependente. A amostra foi composta por 6.264 adolescentes, sendo 60,3% do sexo feminino. A prevalência de inatividade física foi de 49,8%, mostrando-se estatisticamente maior nas moças (58,6%) em comparação aos rapazes (36,2%). Assim, os resultados revelaram que os rapazes fisicamente inativos, além de possuírem prevalência de exposição a três ou mais indicadores estatisticamente (p = 0,000) maior do que os ativos, apresentaram 67% a mais de chance de exposição a 3 ou mais indicadores de estresse. Por outro lado, estes achados não foram significantes entre as moças. Por fim, os resultados da presente dissertação evidenciaram que a prática de atividade física está significativamente associada à exposição simultânea de indicadores de estresse apenas no sexo masculino, sugerindo a prática de atividade física como uma estratégia de redução e proteção contra o estresse. 

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