Resumo

Introdução: A prática regular de atividade física está associada com numerosos benefícios à saúde física e mental em adultos. Cabe notar, todavia, que uma considerável parcela da população adulta brasileira é inativa ou insuficientemente ativa, tornando-a, por conseguinte, mais predisposta ao surgimento precoce de diversas doenças crônico degenerativas. Portadores de deficiências visuais parecem estar ainda mais susceptíveis à inatividade física e seus efeitos deletérios à saúde; porém, até o presente momento, pouco é conhecido sobre a prática de atividade física nesta população. Objetivo: Determinar a prática de atividade física em portadores de deficiências visuais. Métodos: Participaram do estudo 30 portadores de deficiência visual, recrutados por conveniência e divididos em dois grupos: perda de visão parcial (n = 15, 8 mulheres, idade média = 39,6 ± 18,6 anos, IMC médio = 26,3 ± 6,9 kg.m²) e perda de visão total (n = 15, 5 mulheres, idade média = 50,0 ± 16,3 anos, IMC médio = 27,8 ± 5,6 kg.m²). Cada participante preencheu a versão curta, em formato braile, de um questionário de atividade física habitual (International Physical Activity Questionnaire). O instrumento de medida foi aplicado em um único momento, individualmente para cada participante e por um mesmo avaliador. Os domínios de atividade física determinados pelo instrumento foram atividade física moderada, atividade física vigorosa, e atividade física moderada-vigorosa, além de atividade sedentária (min/sem). O tratamento estatístico dos dados foi realizado usando cálculos de média e desvio-padrão e, na sequência, para identificar diferenças entre os domínios de atividade física na população estudada (perda de visão parcial vs total), realizou-se testes t independente, adotando-se um nível de significância α inferior a 5% (P<0.05). Resultados: A quantidade semanal de atividade física moderada foi significativamente menor em portadores de deficiência visual total em comparação aos pares com deficiência visual parcial (178 ± 102 min/sem vs 305 ± 188 min/sem; t28 = 2,21, P<0,05). Cabe ressaltar, todavia, que a quantidade semanal de caminhada, domínio atividade física moderada, foi igualmente menor em portadores de deficiência visual total (89 ± 44 min/sem vs 155 ± 83 min/sem; t28 = 2,62, P<0,05). A quantidade semanal de atividade física vigorosa, por sua vez, foi similar entre portadores de deficiência visual parcial e total (8 ± 15 min/sem vs 5 ± 19 min/sem, respectivamente; t28 = 1,34, P>0,05). A quantidade semanal total de atividade física, por conseguinte, foi significativamente menor em deficientes visuais total em comparação aos seus pares com deficiência visual parcial (184 ± 104 min/sem vs 325 ± 213 min/sem; t28 = 2,21, P<0,05). Por fim, a quantidade semanal de atividades sedentárias foi similar entre portadores de deficiência visual parcial e total (168 ± 91 min/sem vs 182 ± 174 min/sem; t28 = 0.27, P>0,05). Conclusão: A prática semanal de atividade física é baixa em portadores de deficiências visuais, particularmente evidenciada em deficientes com perda total de visão. Cabe ressaltar, todavia, que a quantidade de atividades sedentárias é elevada nesta população, reforçando assim a necessidade da promoção da saúde através do estímulo à prática cotidiana de atividade física e minimização de comportamentos sedentários.

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