Prática de Atividade Física em Portadores de Deficiências Visuais
Por Raphael Gustavo Testa (Autor), Wesley Pegorin Manhães (Autor), Cosme Franklim Buzzachera (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: A prática regular de atividade física está associada com numerosos benefícios à saúde física e mental em adultos. Cabe notar, todavia, que uma considerável parcela da população adulta brasileira é inativa ou insuficientemente ativa, tornando-a, por conseguinte, mais predisposta ao surgimento precoce de diversas doenças crônico degenerativas. Portadores de deficiências visuais parecem estar ainda mais susceptíveis à inatividade física e seus efeitos deletérios à saúde; porém, até o presente momento, pouco é conhecido sobre a prática de atividade física nesta população. Objetivo: Determinar a prática de atividade física em portadores de deficiências visuais. Métodos: Participaram do estudo 30 portadores de deficiência visual, recrutados por conveniência e divididos em dois grupos: perda de visão parcial (n = 15, 8 mulheres, idade média = 39,6 ± 18,6 anos, IMC médio = 26,3 ± 6,9 kg.m²) e perda de visão total (n = 15, 5 mulheres, idade média = 50,0 ± 16,3 anos, IMC médio = 27,8 ± 5,6 kg.m²). Cada participante preencheu a versão curta, em formato braile, de um questionário de atividade física habitual (International Physical Activity Questionnaire). O instrumento de medida foi aplicado em um único momento, individualmente para cada participante e por um mesmo avaliador. Os domínios de atividade física determinados pelo instrumento foram atividade física moderada, atividade física vigorosa, e atividade física moderada-vigorosa, além de atividade sedentária (min/sem). O tratamento estatístico dos dados foi realizado usando cálculos de média e desvio-padrão e, na sequência, para identificar diferenças entre os domínios de atividade física na população estudada (perda de visão parcial vs total), realizou-se testes t independente, adotando-se um nível de significância α inferior a 5% (P<0.05). Resultados: A quantidade semanal de atividade física moderada foi significativamente menor em portadores de deficiência visual total em comparação aos pares com deficiência visual parcial (178 ± 102 min/sem vs 305 ± 188 min/sem; t28 = 2,21, P<0,05). Cabe ressaltar, todavia, que a quantidade semanal de caminhada, domínio atividade física moderada, foi igualmente menor em portadores de deficiência visual total (89 ± 44 min/sem vs 155 ± 83 min/sem; t28 = 2,62, P<0,05). A quantidade semanal de atividade física vigorosa, por sua vez, foi similar entre portadores de deficiência visual parcial e total (8 ± 15 min/sem vs 5 ± 19 min/sem, respectivamente; t28 = 1,34, P>0,05). A quantidade semanal total de atividade física, por conseguinte, foi significativamente menor em deficientes visuais total em comparação aos seus pares com deficiência visual parcial (184 ± 104 min/sem vs 325 ± 213 min/sem; t28 = 2,21, P<0,05). Por fim, a quantidade semanal de atividades sedentárias foi similar entre portadores de deficiência visual parcial e total (168 ± 91 min/sem vs 182 ± 174 min/sem; t28 = 0.27, P>0,05). Conclusão: A prática semanal de atividade física é baixa em portadores de deficiências visuais, particularmente evidenciada em deficientes com perda total de visão. Cabe ressaltar, todavia, que a quantidade de atividades sedentárias é elevada nesta população, reforçando assim a necessidade da promoção da saúde através do estímulo à prática cotidiana de atividade física e minimização de comportamentos sedentários.