Resumo
As diretrizes atuais recomendam que mulheres grávidas pratiquem atividade física de intensidade moderada com duração de 30 minutos, na maior parte, se não todos os dias da semana, visando inúmeros benefícios para a saúde materna e infantil. Entretanto, o período gestacional tem sido identificado como contribuinte para o declínio da prática de atividade física entre as mulheres em idade reprodutiva e a literatura tem demonstrado que a inatividade física é frequente entre gestantes. Embora o acúmulo de evidências que suportam os benefícios da prática de atividade física durante a gestação seja crescente, seu efeito sobre alguns desfechos de saúde ainda necessita de uma compreensão mais ampla. Essa tese teve como objetivo identificar as barreiras percebidas à prática de atividade física no período gestacional; avaliar a variação temporal na prevalência de atividade física na gestação no tempo de lazer no período de 2004-2015 e, avaliar os efeitos de uma intervenção com exercício físico na gestação sobre a incidência de sintomas depressivos no período pós-parto. No primeiro artigo avaliou-se as barreiras percebidas à prática de atividade física no período gestacional por meio de uma revisão sistemática da literatura quantitativa e qualitativa acerca do tema. As barreiras mais reportadas pelas mulheres foram os sintomas e limitações do período gestacional. Além disso, a incerteza quanto aos riscos da prática de atividade física na gestação, a falta de recomendação médica e de suporte social foram frequentemente mencionadas. No segundo artigo, avaliou-se as tendências temporais da prática de atividade física na gestação nos últimos onze anos comparando-se dados das Coortes de Nascimento de 2004 e 2015 da cidade de Pelotas-RS, Brasil. Os resultados desse artigo mostram que a prática de atividade física na gestação declinou ao longo do período estudado. No terceiro artigo avaliou-se os efeitos de uma intervenção com exercício físico na gestação (PAMELA Trial) sobre a incidência de sintomas depressivos no período pós parto. Esse estudo foi conduzido de maneira aninhada à Coorte de Nascimentos de 2015. Os resultados do estudo mostraram que a incidência de sintomas depressivos no período pós-parto (≥ 12 pontos no teste de Edimburgo) foi significativamente menor entre as participantes do grupo intervenção quando comparadas ao grupo controle (que não praticou atividade física).