Prática Pela Parte e Pelo Todo na Aprendizagem da Cortada no Voleibol
Por Leandro Dutra (Autor), Aquiles Xavier (Autor), Leopoldo Paolucci (Autor), Paulo Gabrich (Autor), Rodolfo Novellino Lacom Benda (Autor), Herbert Ugrinowitsch (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Na Aprendizagem Motora, o referencial teórico de NAYLOR e BRIGGS (1963)
tem sido utilizado para investigar a prática pela parte e pelo todo através da
hipótese de organização e de complexidade. Alguns poucos estudos têm
investigado essa questão, como, por exemplo: PÚBLIO e TANI (1993), utilizando
uma tarefa seriada, corroboraram a hipótese no sentido de que a aquisição de
habilidades de alta complexidade e baixa organização é favorecida pela
aprendizagem por partes. O objetivo do presente estudo foi investigar a
aprendizagem da cortada no voleibol através de dois tipos de prática: por
partes e pelo todo. O experimento foi realizado com 24 crianças de ambos os
sexos na faixa etária de 12,6 anos (± 0,8), distribuídas aleatoriamente em dois
grupos experimentais: por partes (GP) e pelo todo (GT). A tarefa consistiu na
cortada do voleibol, sendo praticada durante 5 sessões de 60 tentativas (3
blocos de 20 tentativas com intervalo de 1 minuto), totalizando 300 tentativas.
O GP praticou os quatro componentes da habilidade separadamente, e na
última sessão, praticou o movimento completo, enquanto que o GT praticou
o movimento completo desde o início da aquisição. O delineamento utilizado
foi pré-teste (5 tentativas), fase de aquisição (300 tentativas) e pós-teste (5
tentativas). A variável dependente foi o escore do padrão de movimento da
cortada, analisado através de uma lista de checagem e os dados foram analisados
através da comparação dos resultados obtidos no pré e pós-teste. O teste de
Wilcoxon detectou diferença significante intra-grupo GP (Z=-4,093, p<0,01)
e GT (Z=-4,473, p<0,01), e o teste U de Mann-Whitney não encontrou
diferenças estatisticamente significantes entre GP e GT (p<0,01). Os resultados
mostraram que as duas condições testadas não apresentaram efeitos diferentes
na aprendizagem da cortada do voleibol. Estes resultados não corroboram as
proposições de NAYLOR e BRIGGS (1963), no sentido de que a aquisição de
habilidades de alta organização e baixa complexidade é favorecida pela
aprendizagem pelo todo. Desta maneira, parece ser necessário rever o referencial
teórico utilizado nos estudos de Aprendizagem Motora para explicar as
diferentes formas de ensinar uma habilidade motora.