Resumo

Na Aprendizagem Motora, o referencial teórico de NAYLOR e BRIGGS (1963)
tem sido utilizado para investigar a prática pela parte e pelo todo através da
hipótese de organização e de complexidade. Alguns poucos estudos têm
investigado essa questão, como, por exemplo: PÚBLIO e TANI (1993), utilizando
uma tarefa seriada, corroboraram a hipótese no sentido de que a aquisição de
habilidades de alta complexidade e baixa organização é favorecida pela
aprendizagem por partes. O objetivo do presente estudo foi investigar a
aprendizagem da cortada no voleibol através de dois tipos de prática: por
partes e pelo todo. O experimento foi realizado com 24 crianças de ambos os
sexos na faixa etária de 12,6 anos (± 0,8), distribuídas aleatoriamente em dois
grupos experimentais: por partes (GP) e pelo todo (GT). A tarefa consistiu na
cortada do voleibol, sendo praticada durante 5 sessões de 60 tentativas (3
blocos de 20 tentativas com intervalo de 1 minuto), totalizando 300 tentativas.
O GP praticou os quatro componentes da habilidade separadamente, e na
última sessão, praticou o movimento completo, enquanto que o GT praticou
o movimento completo desde o início da aquisição. O delineamento utilizado
foi pré-teste (5 tentativas), fase de aquisição (300 tentativas) e pós-teste (5
tentativas). A variável dependente foi o escore do padrão de movimento da
cortada, analisado através de uma lista de checagem e os dados foram analisados
através da comparação dos resultados obtidos no pré e pós-teste. O teste de
Wilcoxon detectou diferença significante intra-grupo GP (Z=-4,093, p<0,01)
e GT (Z=-4,473, p<0,01), e o teste U de Mann-Whitney não encontrou
diferenças estatisticamente significantes entre GP e GT (p<0,01). Os resultados
mostraram que as duas condições testadas não apresentaram efeitos diferentes
na aprendizagem da cortada do voleibol. Estes resultados não corroboram as
proposições de NAYLOR e BRIGGS (1963), no sentido de que a aquisição de
habilidades de alta organização e baixa complexidade é favorecida pela
aprendizagem pelo todo. Desta maneira, parece ser necessário rever o referencial
teórico utilizado nos estudos de Aprendizagem Motora para explicar as
diferentes formas de ensinar uma habilidade motora.

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