Resumo

As discussões em torno do gênero e esporte nos últimos anos tem conquistado espaços em diferentes áreas, em especial às vinculadas a ciências sociais e humanas. Dada a tradição médica e militar da Educação Física brasileira havia, até pouco tempo, uma localização das reflexões sobre o esporte no campo das ciências biológicas; hoje em dia,  è , sim, um campo em expansão... De forma parecida, há cada vez mais atenção dada, nas ciências humanas, a centralidade das “práticas corporais”  na formação de subjetividades e identidades coletivas, embora nem sempre salientada sua dimensão de gênero. É claro, nem todas as práticas corporais são esportivas – os casos da dança, o circo, a capoeira, o ioga e o hip hop são apenas alguns que  emergem como objetos interessantes de estudo, que têm características que os diferenciam das atividades esportivas propriamente ditas. (De fato, o termo esporte tornou-se quase onipresente em função de um movimento que se inicia nos anos 60 e se intensifica nos 70 o qual denominamos de "esportivização da ed,. Física" pois vários elementos da cultura corporal passam a ser valorizados a partir da sua "esportivização", ou seja, incorporam na sua prática cotidiana os códigos do esporte de alto rendimento.) A proposta deste GT é de criar um fórum de discussão sobre construções, representações e relações de gênero no campo das práticas corporais e esportivas.  Procura-se reunir trabalhos que pesquisam e/ou teorizam sobre estas – exemplificando suas dimensões culturais e identitárias, de relações e  hierarquias de poder (de gênero, mas também de raça e classe) que as constituem ou que elas podem contribuir para contestar,  e a fascinante questão das possibilidades que estas práticas podem (ou não) representar para a transgressão da (hetero) normatividade social e a ordem de gênero binário que ainda prevalece.  Estas pesquisas podem  ajudar a revelar os mecanismos específicos através dos quais as práticas esportivas e corporais produzem e transformam os sentidos do feminino e do masculino,  e as formas em que atuam para construir, e/ou pôr em xeque, noções sobre o que pode/deve fazer uma mulher, ou um homem (ou: meninos e meninas,)  Podem jogar luz sobre a história e sobre as tendências atuais deste  espaço de conflitos e lutas sociais e simbólicas significativos. Nos eventos de Ciências Humanas de maior destaque no país, como os da ABA e da ANPOCS, vem funcionando, nos últimos anos, grupos de trabalho sobre corpo e esporte, mas nem sempre dando grande centralidade as questões de gênero que são profundamente implicadas nas práticas corporais das sociedades contemporâneas. Dada a grande expansão desta área de pesquisa, assim  como a necessidade de estimular maior reconhecimento do caráter profundamente “generificada”  das práticas que compreende, a   proposta do nosso GT – de importância fundamental, por enfocar , desde uma perspectiva de gênero, um campo no qual os sujeitos contemporâneos se investem e  onde desenvolvem-se instituições sociais específicas – se insere também na agenda das tarefas centrais dos Estudos de Gênero e a Teoria Feminista no país, que há várias décadas trabalham em prol da produção de pesquisas  de uma área específica, assim como do enriquecimento da teoria social contemporânea, a partir destas contribuições...   

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