Práticas corporais e racismo: determinantes sociais e desigualdades no acesso à atividade física na população negra do Rio de Janeiro
Por Matheus Henrique Dos Santos (Autor).
Em XV Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde - CBAFS
Resumo
O racismo estrutural constitui um determinante social das desigualdades em saúde, afetando o acesso, a adesão e a permanência da população negra em espaços de cuidado e promoção da saúde. As práticas corporais/atividades físicas, enquanto expressões de autocuidado, lazer e direito à cidade, também são atravessadas por marcadores raciais, sociais e territoriais que condicionam sua realização. Este estudo teve como objetivo analisar os impactos das desigualdades raciais nas práticas corporais e atividades físicas da população negra do município do Rio de Janeiro. Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, com 1.159 participantes autodeclarados pretos, pardos e brancos residentes no município. A amostra foi obtida por conveniência e a coleta de dados ocorreu de forma presencial e online no ano de 2024, por meio de questionário estruturado com variáveis sociodemográficas, de saúde e aplicação do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ - versão longa). A análise descritiva foi associada ao teste do qui-quadrado (p<0,05). A média de idade foi de 36,8 anos (DP ±12,4), com predominância do sexo feminino (64,5%). A prática de atividades físicas foi relatada por 62,7% da amostra. Verificaram-se associações significativas entre cor da pele e faixa etária, escolaridade, renda, posição de chefe de família e presença de doenças crônicas. Entre pretos e pardos, houve maior proporção de baixa escolaridade (41,3% e 36,5%, respectivamente) e renda reduzida. No estrato com renda ≥10 salários-mínimos, 73% eram brancos, 21,6% pardos e 5,4% pretos. Pretos e pardos também apresentaram maiores percentuais de chefia de família e prevalência de doenças crônicas. Sexo, carga horária de trabalho, moradores no domicílio e situação conjugal não apresentaram associação significativa com a cor da pele. Conclui-se que o racismo estrutura desigualdades que impactam negativamente o acesso às práticas corporais/atividades físicas, exigindo políticas públicas intersetoriais e antirracistas.