Resumo
A promoção da saúde (PS) articula-se com a diversidade de práticas desenvolvidas nos serviços. É elemento estratégico na busca de práticas de cuidado mais promissoras, colaborando para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) enquanto Política Pública. Entretanto, a PS tem sido descrita de várias maneiras na literatura científica. Nesse sentido, considerei ser necessário realizar uma revisão sobre a promoção da saúde e suas implicações na prática de saúde, sem a pretensão de esgotar o estado da arte. Esta dissertação teve como objetivo realizar um estudo descritivo-analítico acerca das práticas cotidianas à luz da perspectiva da Clínica Ampliada em um Grupo de Promoção da Saúde (GPS), o Grupo de Homens (GH), desenvolvido em uma UBS capixaba. Os caminhos investigativos transitaram pelos pressupostos da pesquisa qualitativa, tomando as atividades cotidianas do GH como perspectiva metodológica e agregando registros etnográficos a fim de descrever, analisar, compreender e problematizar as práticas de promoção da saúde, desenvolvidas no cotidiano desse grupo, e suas implicações práticas no cuidado em saúde à luz da Clínica Ampliada, buscando identificar os avanços e desafios, e compreender o contexto de produção das práticas e da participação dos usuários. Na descrição e análise dos dados, foi possível constatar três categorias em relação às práticas de promoção da saúde desenvolvidas no GH: a) espaço comunicacional: analisa o GH na ótica do diálogo, escuta e expressão dos participantes do GH, buscando identificar se os sujeitos têm abertura para a fala e escuta além da conversa mecânica que objetiva coletar exclusivamente sintomas de patologias específicas (anamnese tradicional); b) desenvolvimento de vínculo: analisa o espaço do GH no que tange ao relacionamento entre os sujeitos (entre usuários e equipe de saúde), com intuito de verificar se o relacionamento é próximo ou se é formal e burocrático, apontando as vantagens da formação do vínculo para o cuidado em saúde e os desafios para sua concretização no GH; c) protagonismo: analisa o comportamento, atitude e participação dos usuários, identificando se eles são considerados e se agem como sujeitos detentores de autonomia ou se são vistos e agem como meros pacientes, ou seja, pessoas passivas e incapazes de contribuir para o cuidado em saúde, devendo, nesse caso, se submeterem ao conhecimento técnico-científico que os profissionais de saúde detêm, numa relação de superioridade desses últimos em relação aos primeiros. Por fim, aponta os desafios para desenvolver o protagonismo dos participantes do GH.