Práticas torcedoras transgressoras no templo da virilidade a experiência da Coligay
Por Luiza Aguiar dos Anjos (Autor), Maurício Rodrigues Pinto (Autor).
Resumo
Neste artigo analisamos a torcida Coligay, chamando atenção para sua dimensão política. Formada predominantemente por homens cisgêneros gays, foi criada em 1977, durante o regime militar. Fez história pela afirmação explícita de sexualidade considerada desviante em um universo tratado como reduto de homens cisgêneros e heterossexuais, recorrendo a manifestações torcedoras lidas como afeminadas, extravagantes e debochadas, que destoavam de referenciais viris de masculinidade cobrados e valorizados no futebol. Refletimos sobre as estratégias adotadas e fatores que contribuíram para que a Coligay obtivesse respeito e reconhecimento. Exploramos também sua relação com o cenário e movimentações políticas e culturais homossexuais/LGBT+ e que desafiavam as normas de gênero e sexualidade naquela época, buscando complexificar compreensões sobre a atuação política da torcida, reconhecendo seu potencial transgressor ao ter ampliado espaços de visibilidade pública de sujeitos lidos como dissonantes e contribuído, em alguma medida, para a desconstrução de estereótipos e preconceitos dirigidos a pessoas LGBT+.