Prevalência da tríade da mulher atleta em lutadoras de alto rendimento de wrestling e karate
Por Cesar Cavinato Cal Abad (Autor), Jerusa Petrovna Resende Lara (Autor), Anna Clara Alves (Autor).
Em 47º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
A Tríade da Mulher Atleta (TMA) é um problema que pode prejudicar tanto a saúde quanto o desempenho competitivo de mulheres atletas. Conhecer a prevalência de TMA em diferentes momentos da temporada pode auxiliar profissionais do esporte a tomarem decisões para prevenção e manejo dos fatores de riscos que envolvem a TMA.
OBJETIVO: Avaliar a prevalência do risco de TMA em atletas mulheres de alto rendimento de wrestling e karate.
MÉTODOS: A amostra por conveniência foi composta por 10 voluntárias, atletas de Wrestling e Karate, finalistas de competições nacionais e internacionais nas categorias adulto (n=4 e idade: 22±1,70) e júnior (n=6 e idade17±3,43). O estudo longitudinal com avaliações realizadas em dois momentos: i) início da temporada (M1) e; ii) após 20 semanas de treinamento (M2). Foram mensurados massa corporal (kg), estatura (cm), somatória de dobras cutâneas (SDC - mm) [tríceps, bíceps, subescapular, supraespinal, crista ilíaca, abdominal, coxa e panturrilha] (ISAK, 2019) e o Questionário de Baixa Disponibilidade de Energia em Mulheres (LEAFQ) (Melin et al., 2014). Para estatística descritiva utilizou-se média, desvio padrão, valores mínimos e máximos. A normalidade dos dados foi testada pelo teste de Shapiro-Wilk. A comparação de médias foi realizada pelo teste Teste T-Student por meio do software SPSS 20.0. A significância foi considerada de p≤0,05.
RESULTADOS: Os resultados encontram-se na Tabela 1. Não houve diferença nas medidas antropométricas e SDC entre os dois momentos. O LEAFQ apresentou score de 6,7±3,73 e 6,9±3,21 no M1 e M2 respectivamente. Apesar de não haver diferença entre os momentos (p=0,90), do ponto de vista clínico, 40% das atletas apresentaram risco de desenvolver TMA tanto em M1 quanto em M2. Embora não houve diferença no score de lesão (p=1,00) entre os momentos, 40% das atletas (n=4) ficaram afastadas de treinos por lesão tanto em M1 quanto em M2. Destas atletas, 75% (n=3) relataram afastamento dos treinos por mais de sete dias devido a lesões em M1 e 50% (n=2) no M2. Em M1, uma atleta (33%) relatou afastamento dos treinos por mais de 22 dias devido a traumas enquanto duas relataram afastamento superior a 22 dias em M2. Não houve diferença entre os momentos no score de função gastrointestinal (p=1,00). Tanto em M1 quanto em M2 60% (n=6) das atletas relataram sentir inchaço, mesmo quando não estão menstruadas. Uma atleta no M2 (16,6%) referiu evacuar a cada 2 dias, mas sem alteração de consistência nas fezes. Não houve diferença entre M1 e M2 no score de disfunção menstrual (p=0,86). Uma atleta referiu não ter o ciclo menstrual normal em M1 (última menstruação em 2 meses) e 30% (n=3) referiram não ter o ciclo menstrual regular de 28 dias tanto em M1 quanto em M2. Destas, 66,6% (n=2) referiram ter sangramento menstrual devido ao aumento da intensidade, frequência ou duração dos treinos e 33,3% (n=1) referiu sangramento intenso, mas sem percepção de alteração devido ao exercício.
CONCLUSÃO: O LEAFQ demonstrou que as atletas avaliadas no presente estudo (wrestling e karatê) apresentaram 40% de risco de desenvolver TMA independentemente do momento do treinamento. Os resultados indicam que os profissionais envolvidos com atletas mulheres devem ficar atentos aos sintomas gastrointestinais e de disfunção menstrual para evitar problemas mais graves de saúde e de queda de rendimento esportivo.