Prevalência de Fadiga em Cadetes Homens da Academia da Força Aérea.
Por Allan Pedro Nichele (Autor), Renato De Oliveira Massaferri (Autor), Eduardo Augusto Montenegro Duque (Autor), Adriano Percival Calderaro Calvo (Autor).
Em 46º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
As escolas de formação militar são caracterizadas pela elevada demanda de trabalho físico e mental durante o curso devido a instruções teóricas, militares operacionais, e treinamento físico. Informações a respeito de características de fadiga nesse público são importantes para direcionar possíveis ações preventivas e/ou de reabilitação de indivíduos fadigados. Objetivo: Verificar a prevalência de fadiga em cadetes da Academia da Força Aérea (AFA) e suas relações com especialidades de cadete e desempenho físico. Método: Participaram do estudo 119 cadetes homens (22,5 ± 1,1 anos; 76,3 ± 9,7 kg; 175,0 ± 6,0 cm; 24,9 ± 2,8 kg/m²; Cadetes Aviadores: 84 (Cav); Infantes: 17 (Cinf); e Intendentes: 18 (Cint)). Cadetes são avaliados periodicamente pelo Teste de Aptidão e Condicionamento Físico (TACF), conforme normas da Força Aérea Brasileira. O TACF é composto por: resistências musculares abdominal (Abd) e de membros superiores (Flx), corrida em 12 minutos (12’), e circunferência abdominal (Circ). Os cadetes autopreencheram o desempenho obtido no TACF e o Fatigue Assessment Instrument (FAI), instrumento que avalia fadiga física, mental e geral. Foram realizadas ANOVA bidirecional nas variáveis dependentes do TACF com fatores especialidade e fadiga (3x2); ANOVA unidirecional nas variáveis de fadiga com fator especialidade, com testes pareados de Holm a posteriori. Teste Exato de Fisher foi aplicado para verificar independência entre fatores fadiga e especialidade dos cadetes. Nível de significância foi de 5% (p < 0,05). Resultados: Foi verificado efeito de especialidade do cadete para Flx (F(2,113): 11,3; p < 0,001; η²p: 0,17), indicando que os Cav tiveram desempenho de Flx inferior aos Cinf e Cint; para fadiga física (F(2,116): 5,0; p = 0,008; η²p: 0,08) indicando que os Cinf apresentaram menores valores de fadiga física em comparação aos Cav e Cint; e para fadiga geral (F(2,116): 3,7; p = 0,027; η²p: 0,06) indicando que os Cav apresentaram maior fadiga geral em comparação aos Cinf (Tabela). Foi verificado efeito da classificação de fadiga no desempenho da corrida 12’ (F(1,113): 8,3; p = 0,005; η²p: 0,07), indicando que os cadetes fadigados tiveram desempenho de corrida inferior aos cadetes não fadigados (diferença média: 133,4 m; EP: 46,2 m). Não foram observadas interações entre fatores fadiga e especialidade sobre o desempenho do TACF (p > 0,05). A prevalência de fadigados foi de 42,9% (51 cadetes), independentemente das especialidades (X²(2); p = 0,07). Conclusão: Há substancial prevalência de cadetes homens da AFA fadigados e que interfere no desempenho físico em teste do TACF. Detalhadamente, os índices de fadiga física foram inferiores nos cadetes infantes; enquanto a fadiga mental é similar entre as especialidades. Investigações sobre a etiologia da fadiga em cadetes são importantes, para que a adoção de medidas preventivas e contramedidas sejam mais assertivas.