Resumo

As escolas de formação militar são caracterizadas pela elevada demanda de trabalho físico e mental durante o curso devido a instruções teóricas, militares operacionais, e treinamento físico. Informações a respeito de características de fadiga nesse público são importantes para direcionar possíveis ações preventivas e/ou de reabilitação de indivíduos fadigados. Objetivo: Verificar a prevalência de fadiga em cadetes da Academia da Força Aérea (AFA) e suas relações com especialidades de cadete e desempenho físico. Método: Participaram do estudo 119 cadetes homens (22,5 ± 1,1 anos; 76,3 ± 9,7 kg; 175,0 ± 6,0 cm; 24,9 ± 2,8 kg/m²; Cadetes Aviadores: 84 (Cav); Infantes: 17 (Cinf); e Intendentes: 18 (Cint)). Cadetes são avaliados periodicamente pelo Teste de Aptidão e Condicionamento Físico (TACF), conforme normas da Força Aérea Brasileira. O TACF é composto por: resistências musculares abdominal (Abd) e de membros superiores (Flx), corrida em 12 minutos (12’), e circunferência abdominal (Circ). Os cadetes autopreencheram o desempenho obtido no TACF e o Fatigue Assessment Instrument (FAI), instrumento que avalia fadiga física, mental e geral. Foram realizadas ANOVA bidirecional nas variáveis dependentes do TACF com fatores especialidade e fadiga (3x2); ANOVA unidirecional nas variáveis de fadiga com fator especialidade, com testes pareados de Holm a posteriori. Teste Exato de Fisher foi aplicado para verificar independência entre fatores fadiga e especialidade dos cadetes. Nível de significância foi de 5% (p < 0,05). Resultados: Foi verificado efeito de especialidade do cadete para Flx (F(2,113): 11,3; p < 0,001; η²p: 0,17), indicando que os Cav tiveram desempenho de Flx inferior aos Cinf e Cint; para fadiga física (F(2,116): 5,0; p = 0,008; η²p: 0,08) indicando que os Cinf apresentaram menores valores de fadiga física em comparação aos Cav e Cint; e para fadiga geral  (F(2,116): 3,7; p = 0,027; η²p: 0,06) indicando que os Cav apresentaram maior fadiga geral em comparação aos Cinf  (Tabela). Foi verificado efeito da classificação de fadiga no desempenho da corrida 12’ (F(1,113): 8,3; p = 0,005; η²p: 0,07), indicando que os cadetes fadigados tiveram desempenho de corrida inferior aos cadetes não fadigados (diferença média: 133,4 m; EP:  46,2 m). Não foram observadas interações entre fatores fadiga e especialidade sobre o desempenho do TACF (p > 0,05). A prevalência de fadigados foi de 42,9% (51 cadetes), independentemente das especialidades (X²(2); p =  0,07). Conclusão: Há substancial prevalência de cadetes homens da AFA fadigados e que interfere no desempenho físico em teste do TACF. Detalhadamente, os índices de fadiga física foram inferiores nos cadetes infantes; enquanto a fadiga mental é similar entre as especialidades. Investigações sobre a etiologia da fadiga em cadetes são importantes, para que a adoção de medidas preventivas e contramedidas sejam mais assertivas.