Resumo

Doenças cardiovasculares são consideradas um grande problema de saúde pública, pelo elevado índice mundial de mortalidade por elas causada. Este estudo transversal teve por objetivo identificar fatores de risco cardiovasculares em adolescentes escolares de uma instituição de ensino privado, localizada na região central de Maringá. Foram selecionados 519 escolares (59,9% do sexo feminino), com idade variando entre 14 e 17 anos. A pressão arterial foi aferida e classificada de acordo com as V Diretrizes Nacionais de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia; a obesidade abdominal foi classificada de acordo com pontos de cortes propostos por Fernandez et al. (2004), enquanto que quatro categorias foram consideradas para a determinação do sobrepeso e obesidade dos escolares, segundo estudos propostos por Conde e Monteiro (2006). O estudo sob o aspecto epidemiológico é classificado como transversal ou seccional, descritivo de prevalência. Rouquayrol (1990) define a pesquisa transversal como o estudo epidemiológico no qual fator e efeito, é observado num mesmo momento histórico, considerado também como correlacional por explorar associações entre variáveis (ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 1990). Os meninos apresentaram valores médios estatisticamente significativos superiores às meninas na estatura (1,72±0,06; 1,61±0,06), e no peso (69,25±15,32; 56,08±11,15), constataram-se ainda, índices de massa corporal médio mais alto do que os valores das médias das meninas (23,37±4,67, 21,53±3,83). Os meninos apresentaram valores médios da circunferência da cintura (CC) (80,30±13,44), mais elevados que as meninas. As médias de pressão arterial sistólica (PAS) encontrada (128,88±15,9) apresentaram valores maiores para os meninos, enquanto que a média de pressão arterial diastólica (PAD) não apresentou diferença significativa estatisticamente entre os sexos. Pode-se constatar 2,3% das meninas classificadas como baixo peso, 24,1% do total da amostra com excesso de peso e 8,1% obesos, com vii uma prevalência significativamente maior de meninos nestas duas últimas categorias (14,8% e 5,4% respectivamente). Destaque para 24,1% de escolares com excesso de peso apontado neste estudo, indicando quase um quarto dos adolescentes enquadrados nesta categoria. Em relação ao número de fatores de risco cardiovasculares (FRC), 52,2% não tinham nenhum dos fatores investigados, no entanto, 29,5% dos adolescentes apresentaram pelo menos um fator; 13,5%, dois FRC, e 4,8%, três fatores associados. Existe uma moderada e significativa correlação da PAS com o IMC (r=0,37; p<0,05), com a CC (r=0,35; p<0,05) e com o peso (r=0,45; p<0,05). Nesta pesquisa a prevalência de pressão elevada entre os sobrepesados e obesos tendem a serem maiores para os adolescentes, sem, no entanto significar causalidade. Verificou-se a existência de correlações moderadas a forte, estatisticamente significativas da PAS com o IMC, com CC e com o peso. Tendência linear entre as variáveis PA e IMC com um Odds Ratio de 3,727, e entre PA e CC com um Odds de 8,507. Pode-se concluir que a prevalência de FRC na amostra estudada foi elevada, alertando para a necessidade de programas de prevenção ao excesso de peso nessa faixa etária. Os resultados do estudo podem ter sido limitados por diferentes fatores, entre eles pode-se destacar: as medidas de pressão arterial foram realizadas em um único momento; por ser um estudo de corte transversal, deve-se levar em consideração a possibilidade de não se determinar causalidade dos desfechos; o fato de que alguns adolescentes não compareceram para as avaliações (Educação Física) pode ter interferido nos resultados; mesmo tratando-se de uma escola particular, não foi aplicado um instrumento para verificação do nível socioeconômico dos escolares adolescentes; não foi aplicado um instrumento para verificação do nível de estresse dos escolares adolescentes; a comparação entre diferentes estudos pode sofrer influência na interpretação dos resultados devido à utilização de diferentes faixas etárias, diferentes protocolos de avaliação, utilização de diferentes pontos de corte; evidencia-se a dificuldade em identificar estimativas regionais e nacionais para o comportamento de adolescentes escolares.

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