Resumo
O hábito de praticar atividades físicas consolidou-se em boa parte da população, no último decênio, especialmente, dentro das academias. Paralelamente cresceu o mercado dos suplementos nutricionais seja por motivos estéticos ou para melhorar algum aspecto do desempenho físico. A literatura científica tem mostrado que os atletas consomem estes produtos em alta escala. Contudo, pouco se conhece sobre sua utilização por freqüentadores de academias. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi identificar a prevalência do uso dos suplementos nutricionais por praticantes de atividade física em diversas academias de Belo Horizonte/MG e os fatores associados ao consumo. Para tanto, foram avaliados 1.102 esportistas de ambos os gêneros e classes sociais, freqüentadores de 50 academias pertencentes a todas as regiões geográficas da cidade. Verificou-se que 36,8% (n=405) dos esportistas usavam suplementos nutricionais sendo que o maior consumo foi entre os homens (63,5%). Os cinco produtos mais consumidos foram os ricos em proteínas e aminoácidos (58%), isotônicos (32%), ricos em carboidratos (23%), naturais/fitoterápicos (20%) e os complexos polivitamínicos e de minerais (19%). A associação de dois ou mais produtos utilizados simultaneamente ocorreu em 43,5% dos casos. A maioria (55%) dos esportistas relatou consumir suplementos sem orientação de profissional especializado, ou seja, por auto-prescrição ou indicação de amigo(s), vendedor da loja e propagandas, ainda que 74% das academias tivessem Nutricionista presente no local. Houve ainda uma parcela de pessoas (14,1%) sendo orientada por professores de educação física, não capacitados para tal. Atividades anaeróbicas foram realizadas pela maioria dos usuários (87,1%) que junto com outros fatores como faixa etária, preocupação com a estética e imagem corporal exerceram influência sobre o consumo dos suplementos. Por outro lado, o grau de escolaridade não influenciou a decisão em consumi-los. Os resultados obtidos apontam para a facilidade do uso e da grande disponibilidade de informação sobre suplementos alimentares presentes nas academias de ginástica, não necessariamente com indicação comprovada, e em detrimento de alimentação saudável. De sorte que maiores esforços devem ser concentrados na educação nutricional do público em geral, principalmente em locais de prática esportiva.