Resumo

O Sistema Único de Saúde traz consigo a ideia de uma saúde ampliada, e nessa perspectiva, ações voltadas para a promoção de saúde. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são as maiores causadoras de óbitos e custos em saúde, e no Brasil, destaca-se a elevada ocorrência de hipertensão arterial (HAS), diabetes e hipercolesterolemia. Evidências apontam para a atividade física como fator relevante no tratamento e proteção de uma série de DCNT, no entanto, apenas 22,5% dos brasileiros são suficientemente ativos. Entre as pessoas com DCNT, pouco se sabe sobre o comportamento da prática de atividade física no lazer (PAFL) e tampouco sobre possível associação da recomendação da prática de atividade física (PAF) com sua prática. Esta tese tem por objetivo analisar a prevalência e os fatores associados à recomendação profissional e à PAFL de adultos e idosos com HAS, diabetes e hipercolesterolemia no Brasil. Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, baseado em dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, em adultos de 20 ou mais anos. As análises de dados foram realizadas no Stata 12.0. Foi realizada análise descritiva e regressão logística bruta e ajustada (odds ratio) das variáveis dependentes e associação com demais variáveis sociodemográficas, comportamentais, de estado de saúde e do ambiente. Os resultados apontaram prevalência de PAFL suficiente de 15,9%, 15,3% e 21,4% entre as pessoas com HAS, diabetes e hipercolesterolemia, respectivamente. Análise ajustada mostrou que a escolaridade, percepção positiva da saúde, ambiente favorável e receber recomendação de profissional estiveram associados a maior PAFL. A prevalência de recomendação variou entre 81,8% (HAS) e 85,9% (hipercolesterolemia), incrementando a prevalência da PAFL nas três DCNT, mas ainda mantendo-se baixas, com duas delas abaixo da população geral (HAS com 18,2% e diabetes com 18,0%). Análise ajustada mostrou associação da recomendação com ter entre 40 e 59 anos, cor branca, ser casado(a), ter maior escolaridade e ter um ambiente favorável à prática. Entre as pessoas recomendadas à PAFL, a maior escolaridade, autopercepção positiva da saúde e presença de programas públicos para a PAF estiveram associadas nas três DCNT. Entre os achados do estudo, destaque para a forte associação da escolaridade com ambos os desfechos. Mesmo podendo ser uma forma de levar conhecimento e sensibilizar as pessoas quanto aos benefícios da PAFL, sobretudo naqueles com menor acesso a conhecimento, que são os com menor escolaridade, estas foram as que receberam menos recomendação e foram menos fisicamente ativas. Parece necessário que formas de recomendação adaptados aos grupos com diferentes níveis de escolaridade sejam pensados, no intuito de incrementar a PAFL naqueles com alguma DCNT. Mais estudos são necessários para investigar esta relação, considerando outras variáveis, grau de severidade das doenças, outras DCNT a fim de melhor atender as demandas brasileiras neste âmbito.

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