Resumo

O presente estudo teve como objetivo verificar a prevalência e identificar os fatores  associados à inatividade física no contexto dos deslocamentos em diferentes grupos  populacionais do estado de Pernambuco, abrangendo uma revisão sistemática e  dois estudos epidemiológicos transversais independentes, realizados a partir da  análise secundária de dados. No primeiro estudo foi realizada uma síntese das  evidências disponíveis sobre prática de atividades físicas no contexto dos  deslocamentos e sobre a associação desta prática com eventos de saúde mediante 
análise dos estudos epidemiológicos conduzidos no Brasil. No segundo estudo  foram investigados adolescentes estudantes do ensino médio da rede pública  estadual de ensino do estado de Pernambuco. No terceiro estudo, a população alvo  foi constituída por trabalhadores do setor industrial. Informações relativas à prática  de atividades físicas nos deslocamentos para escola foram obtidas pelo número de  dias que os estudantes relataram deslocar-se a pé ou de bicicleta para ir e voltar da  escola e o tempo médio gasto para ir de casa para escola e voltar até a sua casa, 
durante os últimos sete dias. A prática de atividades físicas nos deslocamentos para  o trabalho foi obtida pelo modo como os trabalhadores referiram deslocar-se para ir  ao trabalho e o tempo do percurso despendido caminhando ou pedalando, para ir e  voltar ao trabalho, na maioria dos dias da semana. As variáveis independentes foram  distribuídas em fatores demográficos, socioeconômicos, comportamentais e  relacionadas à instituição, além da medida de condutas e fatores de risco à saúde.  Para análise dos dados foram utilizados os seguintes procedimentos: distribuição de  frequências, testes de Qui-quadrado, Qui-quadrado para tendência e regressão  logística binária. Os resultados da revisão sistemática evidenciaram que há poucos  estudos sobre prática de atividades físicas no contexto dos deslocamentos e de sua  associação com eventos de saúde. No Brasil, a inter-relação das atividades físicas  nos deslocamentos foi investigada somente em relação à síndrome metabólica e  índice de massa corporal. Verificou-se que 43% (IC95%: 41,5-44,5) dos  adolescentes e 84,2% (IC95%: 82,5-85,8) dos industriários são fisicamente inativos  nos deslocamentos para escola e para o trabalho, respectivamente. Entre os  adolescentes, independente do sexo, identificou-se que a prevalência de inatividade  física nos deslocamentos para escola foi maior entre os adolescentes residentes na  área rural quando comparado aos residentes na área urbana e estava diretamente associada ao aumento da escolaridade materna. Em trabalhadores, a prevalência de  inatividade física nos deslocamentos para o trabalho estava diretamente associada  ao aumento da renda familiar e ao porte da empresa. Os resultados dos estudos  realizados permitem concluir que a prevalência de inatividade física nos  deslocamentos que foi observada entre estudantes adolescentes e trabalhadores é 
alta em comparação aos resultados de estudos congêneres. Além disso, o  comportamento dos sujeitos em relação à atividade física nos deslocamentos parece  estar associado a fatores específicos, mas o fator socioeconômico (escolaridade  materna entre os adolescentes e renda familiar entre os trabalhadores) parece ser  importante nos dois grupos. 

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