Resumo

Fundamentos: A morte de atletas durante um treino ou evento desportivo, ainda que bastante raro, tem atraído a atenção dos médicos, da mídia e da população leiga. Objetivo: Identificar a prevalência do marcador eletrocardiográfico de risco relativo tardio em atletas, proposto por Pelliccia et al., em futebolistas adultos e profissionais de duas populações geograficamente distintas. Métodos: Utilizando registros eletrocardiográficos (ECG) digitais em repouso, três médicos experientes na interpretação de ECG de atletas identificaram a presença ou ausência do marcador – três ou mais derivações, exceto aVR e DIII, com onda T negativa de 2mm ou mais de amplitude - em 83 futebolistas que completaram todo o protocolo de avaliação médica e funcional pré-participação desportiva, entre junho de 2007 e fevereiro de 2008, sendo 46 deles de um clube do Rio de Janeiro e 37 de equipes africanas. A avaliação médico-funcional incluía a obtenção de dados cineantropométricos e a medida direta do consumo máximo de oxigênio. Resultados: As características cineantropométricas e funcionais dos atletas testados foram compatíveis com o desempenho de excelência em futebol (ex. VO2 máximo médio de 63mL/kg.min). Em 6 (7,2%) – 2 brasileiros e 4 africanos - dos 83 jogadores, houve concordância absoluta entre os três avaliadores médicos em identificar a presença do marcador de Pelliccia. Conclusões: Sugere-se que esses atletas sejam acompanhados com uma maior atenção, incluindo a obtenção de ECG de repouso e de outros exames, visando a reduzir a probabilidade de eventos fatais durante a prática desportiva, que parece ser mais comum nos atletas com presença desse marcador. 

Acessar Arquivo