Resumo

Os níveis pressóricos elevados entre adolescentes e crianças têm sido associados com o excesso de peso e a obesidade abdominal. O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de níveis hipertensivos em crianças e adolescentes obesos e não-obesos, de 10 a 16 anos, de escolas públicas e privadas na cidade de Cianorte- PR. O estudo foi transversal e desenvolvido em 473 escolares (222 meninos e 251 meninas), selecionados por sorteio de quatro escolas (duas publicas e duas privadas), que apresentam as mesmas características letivas, com turmas de 5º a 8º séries, no período matutino, localizadas na zona urbana da regional da cidade e situadas na região de classe socioeconômica média alta. Avaliaram-se: massa corporal, estatura, circunferência abdominal, dobras cutâneas tricipital e perna medial, pressão arterial sistólica e diastólica. Adotaram-se os valores críticos de índice de massa corporal (IMC) nacionais como critério diagnostico para excesso de peso. Consideraram-se os percentis 75 para a classificação da circunferência abdominal e as dobras cutâneas através do percentual de gordura. A pressão arterial elevada refere-se aos valores da pressão arterial sistólica e/ou diastólica iguais ou acima do percentil 90 ou de 120x80 mmHg, para idade, gênero e percentil de estatura. O nível econômico foi avaliado de acordo com o critério brasileiro de classificação econômica (ABEP) e a atividade física com ecordatório de três dias (3DAPAR). Aplicou-se o teste t de Student para avaliar diferenças nas variáveis quantitativas, considerando p< 0,05. As médias de idade, massa corporal, índice de massa corporal, circunferência abdominal e pregas cutâneas foram semelhantes entre os meninos das escolas publicas e particular. Os meninos da escola pública demonstraram médias superiores de pressão arterial sistólica (p<0,05) em relação aos meninos da particular. As variáveis antropométricas foram semelhantes entre as meninas. No entanto, as meninas das escolas públicas apresentaram média de idade e pressões arteriais sistólicas e diastólicas mais elevadas do que as das escolas particulares (p<0,05). Os escolares da rede pública apresentaram maior proporção de níveis pressóricos elevados (32,70%) do que os das escolas particulares (20,30%; p=0,003). As meninas das escolas públicas (34,87%) apresentaram maior prevalência de medidas hipertensivas do que as das escolas privadas (16,16%). As proporções de medidas pressóricas elevadas foram maiores nas categorias de excesso de peso (39,8%) do que peso adequado (19,6%) para as meninas (p<0,001), permanecendo as mesmas alterações para os meninos com excesso de peso (34,8%) em relação ao peso adequado (23,1%; p<0,05). Em relação ao nível econômico, a proporção de escolares fisicamente ativos foram semelhantes entre as classes, tanto nas escolas particulares como úblicas, sem diferencas na frequencia de medidas hipertensivas. Os resultados deste estudo permitiram concluir que a adiposidade corporal total parece ser o melhor determinante do risco de elevação da pressão e que a falta de prática de atividade física regular parece não estar associada com os níveis pressóricos elevados nesta faixa etária.

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