Resumo

Pensar no fenômeno Lutas geralmente nos remete a um conjunto de modalidades, cada uma com sua história, filosofia e características específicas. Considerando as Lutas como um conhecimento complexo e legítimo da Educação Física, acreditamos que o ensino fragmentado em modalidades na iniciação tende a restringir o universo de possibilidades inerentes aos conteúdos deste conhecimento, deixando de contemplar alguns contextos e personagens da pedagogia do esporte, tais como as pessoas com deficiência. Desta forma, este estudo buscou compreender e propor novos procedimentos pedagógicos acerca do ensino das Lutas. Para o alcance de tal objetivo, utilizamos a entrevista semi-estruturada, coletando dados junto a quatro professores de Educação Física e mestres nas modalidades Judô, Jiu Jitsu, Taekwondo, Karate, Kendo e Esgrima. Após a transcrição das entrevistas, elas foram analisadas pela Análise de Enunciação, uma das técnicas da Análise de Conteúdo. Percebemos então, que as Lutas dispõem de princípios condicionais (contato proposital, fusão ataque/defesa, oponente/alvo, imprevisibilidade e regras) determinantes para a compreensão e leitura da dinâmica interna de qualquer prática de Luta, que solicitam o pensamento tático e a criação de técnicas para solução dos problemas num combate. Assim, pôde-se classificar (grupos de aproximação) e conceituar as Lutas como um conhecimento da Educação Física, passível de ser ensinado na educação formal e não formal, de maneira global, antecedendo o estágio especializado. Os dados demonstram que a prática das Lutas por pessoas com deficiência se dá em modalidades específicas (como o Judô e a Esgrima) e tende a despertar o potencial criativo tanto do aluno como do professor no processo de ensino- aprendizagem, embora alguns alunos se adaptem melhor aos movimentos de determinadas modalidades. Consideramos que a partir do método aqui proposto, pode iniciar-se o ensino das Lutas com ênfase nas "razões do fazer", significando ainda mais o aprendizado e permitindo que ele seja explorado nos diversos contextos (clubes, academias, escolas) e pelos mais diferentes personagens (crianças, jovens, adultos, idosos, pessoas com deficiência) 

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