Resumo
O presente estudo teve como objetivo investigar a associação da trajetória e do nível de estabilização ao final da fase de estabilização no desempenho da fase de adaptação. Participaram do experimento cem sujeitos de ambos os sexos, entre 10 e 12 anos de idade. Os sujeitos realizaram uma tarefa seriada de rastreamento de sinais luminosos. O experimento constou de duas fases: estabilização (120 tentativas) e adaptação (40 tentativas). Para a fase de estabilização foi utilizada uma sequência de 5 estímulos (4-2-5-3-1) com intervalo de 800 ms entre os mesmos. Para a fase de adaptação foram alterados: o intervalo entre os estímulos (700 ms) e a ordem dos estímulos (4-2-5-1-3). As variáveis do estudo foram: a) nível de estabilização alcançado ao final da fase de estabilização, b) trajetória do desempenho individual na fase de estabilização, e c) trajetória do desempenho individual na fase de adaptação. As análises estatísticas constaram de: análise de variância não paramétrica de Friedman - para detectar as diferenças no desempenho entre os blocos de tentativas; análise de cluster - para agregar os sujeitos com desempenho semelhante tanto na fase de estabilização (final e trajetória) quanto de adaptação (trajetória); análise de correlação por meio do coeficiente de contingência - para analisar a relação entre o desempenho na adaptação e os níveis de estabilização (final e trajetória). A análise com todos os sujeitos indicou: a) melhora do desempenho a partir de 50 tentativas de prática e manutenção do novo nível de desempenho ao longo da fase de estabilização e b) com a modificação na tarefa o desempenho diminuiu, mas voltou aos mesmos patamares do final da estabilização após 30 tentativas. A partir da análise de cluster os participantes foram agrupados em 6 subgrupos para o nível de estabilização final (CO-C; 1AO; 1A-2AO; 2A-3AO; 3A; 4A-5A) e 2 subgrupos para as trajetórias ao longo da fase de estabilização (C-1A; 1A-5A). Os níveis de estabilização final e da trajetória ao longo da estabilização apresentaram-se associados ao desempenho da fase de adaptação. Mais especificamente, foi observado que o subgrupo com trajetórias apenas com respostas corretas ao longo da fase de estabilização manteve o mesmo nível de desempenho na fase de adaptação. No subgrupo com trajetórias com respostas antecipatórias ao longo da fase de estabilização, 60% dos sujeitos mantiveram o mesmo nível de desempenho na fase de adaptação e os demais apresentaram trajetórias com respostas predominantemente corretas. Além disso, considerando o nível de estabilização ao final da fase de estabilização, os resultados permitiram discutir que é necessário alcançar pelo menos três respostas antecipatórias na sequência para apresentar respostas antecipatórias na adaptação, pois os subgrupos com menos de 3RA na composição das suas sequências apresentaram apenas respostas corretas na adaptação. Com base nestes resultados, pode-se inferir que parte da heterogeneidade do desempenho apresentado na fase de adaptação esta associado às diferenças individuais, visto que sujeitos submetidos ao mesmo regime de prática apresentaram comportamentos díspares ao longo da fase de estabilização e adaptação