Resumo

É comum após a ocorrência de um Acidente Vascular Encefálico (AVE) uma tendência em evitar o uso do membro superior parético. Além do déficit motor, podem influenciar nesta escolha a lateralidade, os requisitos espaciais da tarefa e o desempenho de cada membro, onde destaca-se o tempo de reação de escolha (TRE) e a atividade muscular. Uma avaliação precoce deste processo torna-se importante, tendo em vista a maior propensão ao aprendizado durante a fase inicial pós ictus. Assim, objetivou-se primeiramente, um conhecimento maior do TRE no pós AVE e, ao emprega-la como meio de avaliação, verificar como ocorre a seleção do membro superior no desempenho da tarefa de alcance em indivíduos pós AVE, em fase subaguda de recuperação, e em indivíduos saudáveis, relacionando os resultados obtidos às características espaciais da tarefa, aos valores de TRE obtidos e à atividade eletromiográfica durante o movimento. Para tal, foi realizada uma revisão sistemática verificando a utilização do TRE nos últimos dez anos, como ferramenta avaliativa pós AVE. Dos 1.363 artigos encontrados, 14 foram incluídos para análise, onde foi constatado pouco detalhamento da tarefa de TRE utilizada, além da escassez de seu uso como ferramenta de avaliação da capacidade cognitiva, em detrimento da capacidade motora. Foi então realizado um segundo estudo que utilizou o TRE na avaliação do processo de seleção de membro superior durante tarefa de alcance em indivíduos pós AVE e indivíduos saudáveis, onde foi observada uma preferência pelo uso do membro dominante, por alcances ipsilaterais em ambos os grupos e pelo uso do membro parético no grupo AVE. Além disso, TRE se apresentou significativamente maior no grupo AVE comparado ao grupo saudável (z=-2,814; p=0,005) e no membro parético comparado ao não parético (z=-1,962; p=0,05). Na análise do RMS, para o músculo deltoide esta variável se apresentou significativamente maior no membro dominante (z=-2,477; p=0,013) e menor no membro parético (z=- 3,140; p=0,02); para o músculo bíceps braquial foi significativamente maior no grupo AVE (z=-5,648; p=0,00) e no membro dominante (z=-2,046; p=0,041), e menor no membro parético (z=-2,725; p=0,006); e para o músculo tríceps braquial, o RMS se apresentou menor no membro parético comparado ao não parético (z=-2,430; p=0,015). Assim, o primeiro estudo contribuiria para a prática clínica enfatizando o uso do TRE como ferramenta avaliativa, e o segundo estudo, direcionando ações terapêuticas.

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