Resumo
A questão orientadora da pesquisa é: Como, e em que circunstâncias, os ensinamentos e os aprendizados da Capoeira Angola contribuem para a construção do pertencimento étnico-racial em profissionais negros com formação universitária? Busca assim, identificar contribuições da Capoeira Angola para a construção do pertencimento étnico-racial e para a superação de dificuldades em ambiente profissional majoritariamente branco, hostil e adverso aos negros(as), como o da universidade. As referências teóricas da pesquisa constituíram-se em base de literatura do campo da Educação e da Psicologia, neste caso: Black Psychology e African Psychology. A fim de coletar os dados foram realizadas visitas e conversas aprofundadas com dois angoleiros negros que cursaram universidade, bem como, foi realizada uma Roda de Conversa com a participação de dois mestres e três professores-mestrando de Capoeira Angola, que contribuíram para uma compreensão mais coletiva de como o pertencimento étnico-racial pode ser construído em meio a um grupo que cultiva tradições de raiz africana. A pesquisa foi realizada com postura inspirada na Fenomenologia e os dados foram analisados com base em significados expressos pelos participantes. A pesquisa mostra que ser negro no Brasil é muito difícil, mas a prática da Capoeira Angola promove tanto a saúde psicológica quanto o fortalecimento do pertencimento étnico-racial em negros e não-negros. Isto ocorre porque seus processos educativos se constituem em pedagogias anti-racistas, que favorecem tanto o aprendizado de conviver na diversidade quanto o aprendizado de lutar para transformar a sociedade num ambiente mais justo, igualitário e democrático. Deste modo, fica evidente que conhecimentos e formas de transmissão próprios da Capoeira Angola podem fortalecer, a implementação de políticas de Ações Afirmativas.
Palavras-chaves: Construção Pertencimento Étnico-Racial, Capoeira Angola, Psicologia Africana, Práticas Sociais e Processos Educativos, e Ensino Superior.