Resumo

O câncer impacta a vida do paciente e dentre os sintomas mais comuns estão os distúrbios do sono e o estresse. Exercícios físicos podem ser uma alternativa viável para minimizar os sintomas da doença e dentre eles está a dança. Porém, ainda não estão esclarecidas as relações entre dança aeróbia, estresse percebido, distúrbios do sono e aptidão física de pessoas com câncer. Este estudo teve por objetivo analisar os efeitos de um programa de dança aeróbia na aptidão física, estresse percebido e distúrbios do sono de pacientes oncológicos. Realizou-se um ensaio clínico randomizado com um programa de Dança Aeróbia, aplicado em mulheres em tratamento de câncer no estado do Pará, durante 12 semanas, com sessões de 60 minutos, duas vezes por semana. Foram analisados dois grupos, controle (GC) e experimental (GE). Utilizou-se o Questionário Internacional de Atividade Física – International Physical Activity Questionnaire (IPAQ); a Escala de Estresse Percebido - Perceived Stress Scale (PSS); o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh – Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI); e o Teste de Levantar e Sentar da Cadeira em 30 segundos, todos validados no Brasil. Foi realizada análise descritiva com medidas de tendência central e de dispersão, frequência e percentagem. Foi realizado o teste do Qui-Quadrado, para verificação da homogeneidade da amostra antes da intervenção; Mann-Whitney, para comparação de dois grupos não pareados; teste t de Student, para comparar dois grupos com variável normal; o teste T de Wilcoxon, para comparar variáveis que pudessem ser tratadas como ordinais ou numéricas entre amostras pareadas; correlação de Spearman, para acessar a relação entre duas variáveis ordinais ou numéricas; e análise de regressão logística, para derivar odds ratios. Adotou-se nível de significância de p < 0,05. A amostra foi homogênea antes da intervenção: nível de atividade física (p=0,422), estresse percebido (p=0,490), distúrbios do sono (p=0,528) e aptidão física (p=0,715). Após a intervenção, as participantes do GE apresentaram 9 vezes mais chances de terem aptidão física maior (p=0,019) em comparação ao GC. As participantes do GE apresentaram redução significativa do tempo sentado durante a semana em comparação com as participantes do GC (p=0,033); para o tempo sentado no fim de semana, não houve significância (0,426). O tempo sentado não se associou de forma significativa à aptidão física no início (p=0,272) e no fim do estudo (p=0,657). Houve associação moderada e relação inversa (r= -0,67) entre IPAQ e aptidão física no GE (p=0,005) ao final do estudo, mas não foi encontrada associação significativa no GC (p=0,373). Após a intervenção, houve diferença significativa para estresse (p=0,031), sono (p=0,013) e aptidão física (p=0,002) das participantes do GE, não havendo esta significância para níveis de atividade física (p=0,679). Não houve significância para as participantes do GC para níveis de atividade física (p=0,352), estresse percebido (p=0,278) e distúrbios do sono (p=0,164), porém houve piora significativa da aptidão física ao final do estudo (p=0,043) para este grupo. O programa de dança aeróbia realizado melhorou a aptidão física e reduziu o estresse percebido e distúrbios do sono de mulheres em tratamento contra o câncer.

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