Projeto Perfil do Campeão: Jogos da Juventude de 2003 e 2004
Por Luiz Claudio Reeberg Stanganelli (Autor), Ronaldo José Nascimento (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
O esporte nacional, embora em constante evolução em todos os seus segmentos,
ainda carece de programas que visem a implementação de novas políticas de
desenvolvimento. A Rede Cenesp sempre coletou informações sobre os atletas que
participam dos Jogos da Juventude e nas edições de 2003 e 2004 foi desenvolvido o
estudo intitulado "Perfil do Campeão" cujo objetivo foi conhecer os detalhes que
envolvem a prática sistemática de cada modalidade esportiva, sob a perspectiva do
atleta. Para tal, utilizou-se um questionário estruturado com 29 questões sobre a
identificação pessoal do atleta, aspectos socioculturais, características gerais e aplicação
dos princípios das ciências do esporte no treinamento sistemático. Os questionários
eram entregues no congresso técnico de cada modalidade, momento no qual, todas
as instruções foram transmitidas verbalmente e por escrito ao responsável por cada
equipe. Os atletas respondiam o instrumento voluntariamente, durante o seu tempo
livre, ainda no decorrer da competição. Participaram 2.376 atletas (rapazes: 1.207;
idade: 15,0 anos - moças: 1.169; idade: 14,3 anos) praticantes de atletismo, basquetebol,
ginástica olímpica, ginástica rítmica, handebol, judô, nado sincronizado, natação,
tênis de mesa e voleibol. Os resultados revelaram que 63% dos atletas estudavam
em escolas particulares e 71% das moças e 77% dos rapazes não recebem bolsa de
estudos por praticarem suas modalidades. Quanto ao local de início da prática
esportiva, a escola apresentou o maior percentual (rapazes 46%; moças 45%)
enquanto a escolinha de clube esportivo veio na seqüência (rapazes 35%; moças
36%). Quem mais influenciou os jovens para serem atletas foram seus pais (41%).
A iniciativa própria foi o segundo aspecto mais mencionado (rapazes 19%; moças
21%). 20% dos atletas disseram que foram avaliados em laboratório. Fora do ambiente
laboratorial (testes de campo), 41% dos rapazes e 46% das moças foram avaliados.
Apenas 14% dos atletas submeteram-se ao eletrocardiograma em repouso e 7%
dos rapazes e 6% das moças ao eletrocardiograma em esforço. Estes dados
demonstraram que muitos jovens estão praticando suas modalidades sem o aval
clínico necessário. Estes resultados deverão servir de base para que o Ministério do
Esporte/SNEAR e a Rede Cenesp possam em conjunto, elaborar novos projetos
ou incrementar ainda mais os já desenvolvidos e direcionados a melhora do
desempenho do jovem atleta praticante do esporte de alto rendimento.