Sobre
Para abrir o bate-papo...
O que entendemos como Primeira Infância?
A primeira infância, período que vai da concepção até os 6 anos de idade, é considerada uma janela de oportunidades crucial para a saúde, aprendizado, desenvolvimento e bem-estar social e emocional das crianças. Diversos estudos científicos têm demonstrado que as primeiras experiências vividas na infância, bem como intervenções e serviços de qualidade ofertados neste período, estabelecem a base do desenvolvimento. Ou seja, o que acontece nos primeiros anos de vida é fundamental para o desenvolvimento integral de meninas e meninos, de modo que é preciso que haja investimentos nesta fase para que estes impactos sejam positivos para toda a sociedade. O pleno desenvolvimento da criança só pode ser alcançado com a oferta do cuidado integral, ou seja, com intervenções integradas que ofereçam cuidado responsivo, segurança, proteção contra violências e oportunidades de aprendizado. Para isso, os pais ou cuidadores devem exercer a parentalidade positiva, e os profissionais das redes de saúde, educação e assistência social também devem garantir um atendimento qualificado que leve em consideração as especificidades étnico-raciais das crianças e suas famílias, apoiando-as nesta estruturação das bases do desenvolvimento pleno. É ainda na primeira infância que as crianças negras e indígenas vivenciam, pela primeira vez, alguma experiência de racismo - uma forma cruel de violência que tem impactos significativos a curto, médio e longo prazo. De acordo com o Center on the Developing Child1 , o racismo é considerado uma “experiência adversa na infância”, ou seja, trata-se de uma violação de direitos promotora de estresse tóxico, medos e traumas. Isto porque uma vez que o racismo estigmatiza e hierarquiza as diferenças entre as crianças, impacta diferentes dimensões do desenvolvimento infantil, como a construção da autoestima, a capacidade de sociabilização, a percepção de si e a saúde física e mental. Diversos pesquisadores2 já comprovaram que, ainda que invisibilizada e silenciosa, a discriminação racial está presente no cotidiano das crianças brasileiras, seja por meio das diferenças de tratamento, práticas, vieses e comportamentos discriminatórios nos serviços oferecidos por profissionais durante o atendimento às crianças e suas famílias, além das possíveis interações com outras crianças e adultos que podem deixar marcas para toda vida